Moderado por Vergílio Alberto Vieira e contando com a participação de Antonio Orlando Rodriguez, Inês Pedrosa, Jorge Arrimar, José Mário Silva, Paula Izquierdo e Rui Costa, este debate trouxe algumas surpresas a nível de organização. Cada um dos participantes teve direito a um envelope numerado, uma cidade e um escritor a ela relacionado.
Antonio Orlando Rodriguez ficou com o envelope número um, começando assim o debate.
O autor cubano revelou que, embora não tivesse nascido numa casa de leitores, o que é certo é que tinha «nascido leitor» e, desde cedo, começou a usar os livros para o levarem a «lugares inesperados».
Já Rui Costa apresentou uma forma curiosa de enfrentar a leitura sendo que, segundo o autor, este tende a ler coisas de escritores com quem não sente afinidade, por forma a que a viagem proporcionada pelo livro o leve a «perder o preconceito» e a «aprender mais».
Primeira das coincidências da tarde, foi a atribuição do livro Paris, de Mário Sá Carneiro a José Mário Silva. Foi precisamente nesta cidade que nasceu. Participando pela primeira vez nestes debates do Correntes, o escritor começou por comentar os temas dos debates, considerando-os «sabiamente armadilhados», falando ainda de como o livro poderá ser «um qualquer meio de transporte no sentido metafísico».
A segunda coincidência surgiu logo de seguida, já que Lisboa de Fernando Pessoa calhou a Inês Pedrosa, directora da Casa Fernando Pessoa. Na sua participação, Inês Pedrosa mostrou a sua preferência por livros que a «inquietem», em detrimento de livros considerados de «entretenimento» ou os de auto-ajuda. Continuou, dizendo que embora já tenha ido a muitos sítios fisicamente, também os livros a ajudaram a conhecer o mundo e que para ela, a vida é inconcebível sem o «calmante das palavras».
Embora tenha feito alguma confusão com os temas, pensando que o debate iria abordar a forma como a crise poderá afectar o meio, o que é certo é que Paula Izquierdo acabou por desenvencilhar-se com naturalidade e um toque de humor. Concordando com os participantes anteriores, na opinião da psicóloga e escritora, «Ler um livro é o mais barato que se pode fazer sem sair de casa.»
O último intervelinente, Jorge Arrimar, começou da melhor forma, com humor: «Se eu vos falar de livros que já li, estou a falar-vos de livros que já leram. Por isso vou falar de livros que de certeza vocês nunca leram ou ouviram falar, que são os meus.» Autor viajado, os seus livros refletem isso mesmo, tendo escrito um da sua terra-natal de Angola, antes de ter emigrado. Tem mais dois, dos Açores e de Macau, por onde passou. E escreveu ainda outro sobre Angola, antes de voltar.
Pelo mundo fora viajou esta mesa de debate, no terceiro dia deste Correntes D’Escritas, sempre com a ajuda dos livos.
Para mais informações, consulte o site da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.
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