Decorreu esta manhã, sexta-feira 13, a 5.ª mesa do Correntes D'Escritas, sob o título «O Medo ou o Fascínio do Desconhecido».
Estiveram na mesa Andrea Blanqué (Uruguai), Jesus del Campo (Espanha), Joaquim Arena (Portugal/Cabo-Verde), Rui Machado (Portugal) e Moacyr Scliar, com a moderação de José Carlos Vasconcelos.
Esta foi uma sessão marcada pelo humor e pela boa disposição, em particular nas intervenções de Moacyr Scliar e Andra Blanqué.Moacyr Scliar começou com falar «da banana como baliza do desconhecido».
Recordando a luso-brasileira Carmen Miranda, Moacyr falou do desconhecido do Brasil do início do séc. XX, quando seu pai, refugiado da guerra civil soviética após a revolução, embarcou num cargueiro para Porto Alegre, no Brasil.
«As frutas brasileiras eram o sonho europeu», continuou Moacyr, falando de um mundo nunca visto pelo seu pai, e a surpresa que teve ao receber de gaúcho um fruta estranha e desconhecida, uma banana.
Pesquisando o desconhecido, retirou a casca e jogou o caroço fora, comendo somente o resto «ou seja, a casca».
O desconhecido era assim marcado pelo olhar deslumbrado e privilegiado de quem nunca viu, da inocência e da primeira visão.
Rui Machado abordou a importância do medo - o seu fascínio e a forma como nos faz avançar, nos atrai e nos torna cautelosos.
Andrea Blanqué, preferiu falar das desconhecidas, ou seja, das personagens.
Numa conversa alegre e descontraída, que por mais do que uma vez trouxe o riso à sala, Andrea explicou que as personagens são desconhecidas, são «outras» que lhe chegam nas alturas mais impróprias e lhe contam a sua história, «desconhecidas» de quem ela nem sequer sabe muitas coisas, apenas a sua imagem e aquilo que elas lhe disseram.
Joaquim Arenas trouxe a infância e a mãe para o seu discurso, recordando «os quatro livros que tinha da na sua casa», uma pensão clandestina para emigrantes que vinham de Cabo-Verde e pernoitavam em Lisboa em trânsito para outros destinos.
Recordou o fascínio por esses livros, e a forma como a mãe os colocava na mesa sempre que escrevia as cartas semanais para a família espalhada pelo mundo.
Só mais tarde descobriu que em cada um desses livros eram guardados os selos respectivos.
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