terça-feira, 8 de abril de 2008

Acordo ortográfico - Debate no site do Público

Vai animada a discussão sobre o acordo Ortográfico no site do jornal Público, a propósito da notícia que refere o "estudo comparativo" levado a cabo pela APEL para apresentar as consequências da implementação do acordo ortográfico. Pulalam os pontos de exclamação e os de interrogação.

Aqui ficam alguns testemunhos:

Contra:
«E ainda bem: o português de Portugal não tem de ser igual ao do Brasil, felizmente. O Reino Unido não adaptou o "seu" inglês ao dos EUA nem deveria fazê-lo. Nem os britânicos o consentiriam. As idiossincracias de uma língua é que a tornam rica e não contrário. Mais: o português do Brasil assenta nas influências, história e cultura diferentes da nossa. Eles sofrem uma clara influência e aculturação dos EUA e estão noutro continente. Porque deveríamos adaptar o nosso português a influências históricas estranhas para nós?!! »

07.04.2008 - 13h42 - Manuela Martins, Lisboa

«...A língua portuguesa é a essência da indentidade e cultura de Portugal. Quem terá a coragem politica neste país de ratificar um acordo sem o povo se pronunciar? Vasco Graça Moura não se pronunciou a favor do acordo, bem como a comissão que foi instituída para se pronunciar! Bem pelo contrário, pronunciaram-se contra este acordo que só benificia o Brasil. A questão é politica e económica e não tem nada rigorasamente a ver com a defesa da língua. (...) O Instituto Camões que apoios tem, sr. PM? Inspire-se no seu amigo Zapatero no apoio e financiamento do Instituto Cervantes! Não tenho dúvidas, que jamais os portugueses vão sem justificação e sem honra, falar e escrever português que um país que não Portugal entende como a nossa língua deve ser falada e escrita. Jamais!»
07.04.2008 - 14h14 - Helder Verissimo, Porto
«A quem interessa isto? Que interesses estarão por detrás disto? O interesse de Portugal não será certamente. Inglaterra e Alemanha não fizeram qualquer acordo de cedência da sua ortografia em favor dos grandes países que falam e escrevem as suas línguas, e não se sentem incomodados por isso. Em Portugal trata-se da teimosia de um grupo de pressão que que impor-se.»
07.04.2008 - 14h20 - Anónimo, Lisboa

«Apenas não sugiro um referendo, pelas despesas que envolve e porque tal recurso não pode ser banalizado, mas proponho uma petição CONTRA a ratificação deste Acordo Ortográfico. Infelizmente, não é conveniente que seja eu a iniciá-la, senão fá-lo-ia. Do mesmo modo que, por razões justificadas, faço uso da posibilidade de enviar este comentário para aparecer como Anónimo.»
07.04.2008 - 15h05 - Anónimo, Lisboa

«...A língua Portuguesa não pertence a meia dúzia de governantes, mas sim a toda a gente que a fala. Quer sejam os Portugueses, os Brasileiros, não é isso que está em causa. O que está em causa é deixarem quem mantém a língua viva (nós) decidir a evolução que lhe vamos dar. E que essa evolução seja natural!»
07.04.2008 - 15h17 - Rita Guillot, Porto

«Já que estão a organizar um debate sobre este assunto, por favor, expliquem a necessidade deste Acordo, que o povo não entende para que serve e a quem serve. Não percebemos nós perfeitamente o português falado e escrito no Brasil e nos restantes países de língua portuguesa? Não lemos Jorge Amado, José Mauro de Vasconcelos, Vinicius de Morais, João Ubaldo Ribeiro, Mia Couto, Pepetela, Agualusa, Ondjaki, Germano de Almeida, Pauline Chissiane, sem precisarmos de tradução? Não vemos e entendemos telenovelas? Nâo entendemos a morna e a coladera, não ouvimos e entendemos Chico Buarque, Caetano, Elis, Betânia, e todos os outros? Precisamos de Acordo para quê? Os ingleses e os espanhóis fizeram algum acordo para as respectivas línguas? E não se entendem todo os falantes de inglês ou de espanhol? E as respectivas economias não progridem? Repito: para que precisamos nós deste Acordo? Alguém explique, por favor... »
07.04.2008 - 15h46 - Ana Simões, Lisboa

«Sou radicalmente contra esse acordo. Estou convicta que não falamos português, é por isso que eu defendo a separação de nosso idioma para brasileiro ou brasiliano. O português pra mim é incompreensível, soa desagradável e, além disso, a gramática já é muito divergente, erros que pra nós são crassos como: usar reflexivos (si, consigo) com o interlocutor; falta de concordância como: "Ocupem vossos" lugares; usar gostava no lugar de gostaria e mais um milhão de diferenças que nunca vão chegar a um denominador comum.»
07.04.2008 - 15h50 - Juliana S., Brasília
«
A favor:
«a lingua Portuguesa tem que se manter única em toda a comunidade Lusofona se queremos que ela não morra e evolua. É um acto de inteligência celebrar um acordo ortográfico que inclua todos os paises Lusofonos. É graças a esta grande cumunidade que inclui grandes países como Brasil que a nossa lingua é a 6ª mais falada no mundo. Só desta forma vai ser possibél acabar com o começo de uma separação da lingua portuguesa como já se verifica em muitos sites de inetrnet exemplo (Portugues do brasil...ou Brasilien como os Americanos gostam de dizer). »
07.04.2008 - 14h19 - Anónimo, País


«como portugueses, queremos uma língua viva, dinâmica, que se adapta e muda ou uma língua morta como o latim (hoje existe o portugues, o espanhol, o italiano, ...)? deve-se fazer alguma coisa para que daqui a uns anos não existam várias línguas baseadas no português... devemos todos lutar contra a fragmentação da nossa língua em várias línguas... uma língua que se mantenha comum a todo um espaço lusófono... uma língua que nos aproxima a todos, brasileiros, portugueses, moçambicanos, angolanos, timorenses, ...!!»

07.04.2008 - 15h31 - Joao Santos, Badamalos
Pelo que aprendi na escola, o português é uma língua viva, em contraponto com as chamadas línguas mortas, como, p. ex., o latim. Isto deve querer significar que, sendo viva, evolui, se altera, como é próprio da vida. Por isso o portuguese de hoje não é o de antanho e o de amanhã será certamente outro. Por outro lado, a língua é um instrumento para comunicar e expressarmos os nossos desejos e pensamentos, não é uma vaca sagrada onde não se deve tocar. O Inglês está rapidamente a transformar-se numa língua universal e não passa pela cabeça de ninguém, admito eu, que sejam os ingleses a ditar ao mundo o que muda e o que se mantém na língua, isto porque passou a ser "propriedade" da humanidade. Também o português já não é, e ainda bem, "propriedade" exclusiva dos portugueses, foi-se ao mundo e conquistou novos falantes que têm todo o direito de concertarem connosco as suas regras. Acordem, isto já não é nenhum Império, provavelmente nunca o terá sido, a não ser na cabeça de uns líricos. »
07.04.2008 - 16h32 - Manuel Abreu, Porto

«os afectos, as ligações, a comunicação, o passado, construido por tantos, com tanto suor, sal e lágrimas, no espaço da lusofonia devem ser preservados acima de interesses egoístas e momentaneos do tipo a língua é só minha. Sou portugues, patriota, com orgulho, mas não me importo de sacrificar uns c's e uns p's em algumas palavras para preservar esse espaço de comunicação que é a lusofonia»
07.04.2008 - 17h09 - Joao Santos, Badamalos
«Só mais uma questão, é que ninguém falou do lado dos editores... Tanto quanto se sabe quem “controla” o mercado Angolano e Moçambicano dos livros escolares, são as editoras portuguesas. Se este acordo falhar contuarão la, se o acordo vingar terão de competir com as editoras brasileiras! Tanto se queixa o povo português que os livros estão caros!!! Por mim que venha o acordo, que venham as editoras brasileiras e que acabe este oligopolio editorial! VIVA A LUSOFONIA! A minha pátria é a minha língua! Já dizia Pessoa»
07.04.2008 - 17h57 - Augusto Santos, Porto, LUSOFONIA
«O acordo ortográfico vai facilitar o contacto entre os leitores de português nos quatro cantos do mundo. Mais e melhor contacto é uma mais-valia para todos nós. O acordo ortográfico vai aumentar a presença internacional do português no mundo. Mais presença internacional é uma mais-valia para a pujança e força do português. O acordo ortográfico vai facilitar o ensino do português no mundo. Ensino mais fácil é uma mais-valia para o português.»
07.04.2008 - 18h36 - Henrique Carlos, Gotemburgo, Suécia
«O mercado editorial brasileiro pode aumentar em 5% se entrar em Portugal, enquanto nós podemos aumentar em quase 1000% se entrarmos no Brasil. E isto para não falar dos outros mercados da CPLP. Trabalho em Espanha com uma editorial de Arquitectura e é aqui é uma vantagem poder ter todo o mercado latino onde escoar os seus produtos. Nós continuamos a olhar para o umbigo. Brasil e Angola estão a crescer muito, e irão fazer o seu próprio acordo. Talvez se conservarmos a lingua em formol, daqui a uns anos esteja num museu, enquanto as outras evoluem. O acordo refere apenas a escrita, não implica com a cultura de cada um. Talvez por isso não me sinta ameaçado»
07.04.2008 - 21h33 - Carlos Sant Ana, Barcelona, Espanha