Parece que no mundo associativa nem tudo se encontra sereno, como tem sido referido.
Vejamos então esta posição formal da UEP, tornada pública este sábado:
«Fomos confrontados com a marcação de uma reunião pela direcção da APEL para "deliberar sobre a situação criada" e destinada a "todos os Participantes na Feira do Livro de Lisboa".
Porquê e para quê esta reunião? O que a motiva e qual a nossa posição sobre ela?
O tom algo inflamado do seu texto, a sua inoportunidade e alarmismo não nos fazem perder a serenidade e passaremos a clarificar a nossa posição sobre esta matéria.
Durante dois meses, vários contactos e cinco reuniões formais, desde o passado dia 24 de Janeiro até dois dias antes da convocatória a 25 de Março, tivemos oportunidade de trabalhar com a direcção da APEL no sentido de se organizar conjuntamente a Feira do Livro de Lisboa.
Logo na primeira reunião tivemos oportunidade de informar os nossos colegas daquela associação que um grupo significativo dos nossos sócios, quer pelo número de pavilhões, quer pelos géneros editoriais por si editados com largo número de Autores portugueses representados, vinha colocar uma maior premência no problema - velho de vários anos e Feiras - da liberdade da forma de participar na Feira do Livro de Lisboa.
E que essa questão a não ser tida em conta, poderia criar constrangimentos à sua participação na Feira.
Não se trata de substituir um modelo de pavilhão por outro, melhor ou pior estudado e decidido, mas também ele de utilização obrigatória.
Trata-se sim de dar a cada participante a liberdade de se apresentar como entender - dentro de regras e limites gerais a definir pela organização da Feira - e não de obrigar cada um a estar presente de uma forma determinada.
Cada participante, empresa editorial ou não, tem a sua imagem no mercado, os seus planos de marketing, as suas opções editoriais e de mercado. Estes não são princípios apenas de hoje. Mas apresentam-se agora com maior impacto na vida das empresas.
O que a fórmula tradicional impede - além do desperdício de recursos e perdas de rentabilidade, por exemplo - é a liberdade das empresas se relacionarem com o mercado como é de sua escolha.
Esta preocupação tem vários anos, sempre transmitida aos nossos colegas da direcção da APEL, discutida por Editores em geral há mais de 20 anos e a sua abordagem tem sistematicamente vindo a ser adiada de ano para ano.
No sentido de avaliar melhor qual a posição dos sócios da UEP sobre este assunto levou-nos a organizar, em 12 de Fevereiro, uma reunião que clarificasse de forma inequívoca, sobre qual a sua decisão em relação a esta questão. Posteriormente, junto de cada sócio que não tinha nela participado (e não foram muitos mais), fizemos uma consulta individual sobre o mesmo assunto.
Na sua sequência demos conhecimento à APEL que a totalidade dos sócios da UEP defendia a livre participação na Feira - sempre sujeita a regras a definir pela organização - embora, por um ou outro motivo, alguns entendessem não utilizar essa opção na Feira deste ano.
Ficou assim claro que um conjunto de editores que totaliza cerca de 20 pavilhões tencionavam apresentar-se de forma diferente, aguardando as regras a definir - as quais claramente aceitavam tal como uma localização adequada na Feira - para poder apresentar os projectos da sua participação.
Idêntica consulta foi feita pela direcção da APEL aos seus sócios.
Chegados a um impasse não nos restava alternativa senão consultar a Câmara Municipal de Lisboa, principal apoiante da Feira do Livro e detentora do espaço onde se realiza, e propormos que fosse a UEP a organizar o espaço da Feira que virá a ocupar no Parque Eduardo VII.
Sem "guerras", sem "dramas", insistindo em que seria vantajoso existir uma organização conjunta, mas não abdicando da defesa dos direitos dos seus sócios e disponibilizando-se para correr os riscos da inovação, organizando uma parte da Feira do Livro de Lisboa.
A CML acolheu-nos com entusiasmo, disponível para valorizar a Feira, torná-la mais atractiva, possibilitando que cada vez mais entidades nela possam participar.
Isso mesmo foi transmitido aos nossos colegas da Direcção da APEL por mail do passado dia 20 e na reunião do dia 25 de Março, numa derradeira tentativa de se organizar conjuntamente a Feira.
Nessa reunião foi-nos sugerida a realização de uma reunião de participantes da Feira para se fazer nova consulta sobre o mesmo tema, tentando demonstrar as vantagens das nossas ideias.
Tivemos oportunidade de adiantar que não entendemos que, existindo associações com os seus órgãos sociais legitimamente constituídos, existindo a possibilidade de auscultar os sócios sobre esta matéria, tendo sido concretizada essa consulta quer pela UEP quer pela APEL, fosse necessária nova consulta às mesmas entidades, agora na "qualidade" de Feirantes.
Bem como que, definidos os princípios, consultados os interessados, cabe às duas direcções decidir o que fazer. Não menorizamos as estruturas associativas e as suas direcções, correndo a buscar na "rua" razões que não temos.
Não se trata da "inflexibilidade da posição da UEP", como refere aquele Comunicado
É a realidade que, contraditoriamente, na sua riqueza e plasticidade, é "inflexível".
É ela que nos impele sempre a ter de responder de forma oportuna e adequada às suas solicitações. A estar atentos à evolução das pessoas, das organizações e do mercado. A corresponder ao que, em cada momento, ela espera de nós.
Por isso prosseguiremos a organização de parte do espaço da Feira do Livro de Lisboa como tratámos com os nossos parceiros, bem como prosseguiremos o trabalho conjunto com os nossos parceiros na sua realização.
Por isso não participaremos na reunião agora convocada pela direcção da APEL, bem como aproveitamos para transmitir aos nossos sócios que, na nossa opinião, ela é escusada e desajustada.
Em seu lugar participaremos nesse mesmo dia noutra reunião promovida pelo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa com as direcções da UEP e da APEL, com o objectivo de melhor organizar a Feira do Livro de Lisboa, de prosseguir a sua organização, dotando-a dos melhores meios, das melhores formas de se integrar na vida da Cidade e dos Lisboetas.
Na defesa do Livro e da Leitura.
Sempre na defesa uma forma "livre" de estar na Feira.
A Direcção
União dos Editores Portugueses
segunda-feira, 31 de março de 2008
Posição da UEP sobre a CONVOCATÓRIA de uma reunião de Participantes da Feira do Livro de Lisboa
Postado por Booktailors - Consultores Editoriais às 10:33
Marcadores: APEL, Associativismo, Feira do Livro de Lisboa, polémicas, UEP