quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Prémios literários franceses

Por mais escândalos que surjam, com acusações de manipulação política e tráfico de influências para favorecimento pessoal (denunciadas em 2006, por Madeleine Chapsal), os prémios literários franceses e, em particular, o Prémio Goncourt, continuam a surpreender.

Após terem dado, no ano passado, o prémio a Jonathan Littel (um norte-americano que, por acaso, cresceu em França), pela obra «Les Bienveillantes», cuja publicação está prometida e ainda não cumprida pela D. Quixote (após a morte do escritor e, neste caso, tradutor português, Alface), eis que os franceses se arrepiam e clamam novamente que estão a ser aculturados pelas terras transatlânticas ao ser atribuído o Prémio Goncourt deste ano a Gilles Leroy. Não que o autor seja americano, mas a obra vencedora, «Alabama Song», retrata a vida do casal e, mais concretamente, da esposa de Francis Scott Fitzgerald, a escritora nunca reconhecida Zelda Fitzgerald.

Mais estranho ainda, e na continuação das acusações de 2006, foi, entretanto, a atribuição do Prémio Renaudot - o segundo prémio mais importante da literatura francesa - ao já conhecido Danniel Pennac, com um livro que ocupa actualmente os tops de venda («Chagrins d'École») mas que... nem sequer estava indicado na short-list. Com as acusações de que muitos júris votam mais pelo editor do que pela obra ou autor, esta entrada de última hora está a ser vista como surpreendente, por uns, estranha, por outros.

Com humor, Daniel Pennac referiu-se ao prémio com «é uma surpresa total. Não estava mesmo à espera, pois [o prémio] não fazia parte do programa. Deve até ter sido divertido assistir à discussão entre o júri. Mas é bom, consigo assim provar a um professor de infância como ele estava redondamente enganado.»