quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Edição em Desassossego (3) e última

Ainda em respeito à sessão dos livros em desassossego, pouco mais há a acrescentar ao que já é do conhecimento de todos, nomeadamente:

A Alta Autoridade para a Concorrência deu um parecer positivo à quota conjunta dos escolar detida pelo novo Grupo de Paes do Amaral – pedido esse que tinha sido feito preventivamente por eles.

Das economias de escala: Isaías Gomes Teixeira referiu que as economias de escala nem sempre são como se julga, referindo-se ao facto de algumas editoras nacionais terem apenas 1% de quota ou menos mas, por trás de si, beneficiarem de elevados efeitos de escala por pertencerem a algumas das maiores estruturas internacionais. Com isso pretendia dizer que essas editoras já beneficiam de economias de escala, mas globais, aproveitando os recursos dos grupo (que mais não seja em termos de acesso a fontes e negociação de direitos).

Da continuidade do projecto: Dizendo «não julguem que daqui a 5 anos nós iremos vender, este é um projecto para pelo menos 10 anos», trouxe algum ar de novidade e obrigou a reformular muitas das apostas que se vão desenrolando na cabeça dos nossos editores. Simultaneamente, referiu alguns números como: têm, em bruto, cerca de 14% da quota global de mercado; têm mais de 50% do mercado escolar moçambicano, e um volume de 20 milhões de livros em exportação para Angola e Moçambique; têm quase 40% do mercado infanto-juvenil.

Do relacionamento com os autores: Também alertou para o facto do Grupo não se ir coibir de fazer ofertas e roubar autores às outras editoras, mais propriamente, disse que se está num mercado e essas coisas fazem parte do mercado. Fica para a posteridade a afirmação, estamos a parafrasear, que «a editora que interessa aos autores é a editora que lhes dá leitores».

Do Brasil: Falando do Brasil, assinalou o valor do mercado brasileiro, com 2,8 mil milhões de reais (cerca de 1,15 mil milhões de euros, aproximadamente o dobro do mercado português).

No meio de tudo isto, quem passou pelas gotas da chuva foi António Lobato Faria, que beneficiou de toda a atenção estar em Isaías Gomes Teixeira para manter uma postura distanciada de ambas as partes, referindo por um lado que era economista e não editor (e assentando os seus argumentos em factos da economia da cultura) e simultaneamente dizendo que o caso da Oficina não era, de todo igual à do Grupo Paes do Amaral, referindo um ADN diferente, assente num crescimento orgânico que o levou a criar um grupo de 12 milhões de facturação anual.
O único reparo surgir por Francisco Vale, recordando-o do percursos financeiro da estrutura, da associação a capitais industriais e posteriormente a capitais de risco e como a estrutura onde estava inserida tinha, significativamente, a mesma estrutura de objectivos e formatos de controlo.