«Foram mais. O primeiro não consegui comprá-lo com os restos da mesada e do dinheiro das explicações que dava (Latim e Português) e o senhor da Livraria Portugal estava a atender alguém na secção do Direito. De modo que o minúsculo O Prazer do Texto, de Roland Barthes, coube perfeitamente entre os que trazia da Faculdade. Nem sequer foi um dos meus livros preferidos mas Eduardo Prado Coelho falara tanto dele que era uma pena não o ter. Vaidade pura; foi uma desilusão. Ainda houve Como Fazer Versos, de Vladimir Maiakovski, dos Cadernos de Literatura da Dom Quixote (25 escudos). Depois, na Casa del Libro, Gran Vía, Madrid, um exemplar (475 pesetas marcadas a lápis) de La cocina cristiana de Occidente, de Don Álvaro Cunqueiro, meu vizinho galego, a quem agradeço tantas páginas deliciosas. Houve, finalmente, As Palavras e as Coisas, de Michel Foucault, da colecção Problemas, na Portugália (245 escudos), prefácios de Vergílio Ferreira e Eduardo Lourenço - um clássico que agora fui ver à estante e onde encontrei dezenas de fichas de leitura, como se fazia na época, além de um bilhete da Carris. Tive uma carreira medíocre, como ladrão de livros. Uns anos depois chegaram os alarmes e os códigos de barras, e as livrarias perderam algum picante. » Ler no jornal i.