quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Correntes D’Escritas – 3.ª Mesa: «Passo e fico, como o Universo»

Com moderação de Carlos Vaz Marques, sentaram-se na mesa principal do Auditório Municipal Bernardo Carvalho, Germano Almeida, Isaac Rosa, João Tordo e Tânia Ganho, para participar na 3.ª mesa das Correntes. O tema tinha por base um verso de Alberto Caeiro.

Tânia Ganho deu início ao debate, indicando que «o livro é uma parte de mim. Enquanto o objecto durar, eu fico». A escritora e tradutora explanou a sua relação, no passado e no presente, com a escrita, considerando-a como «uma maneira de estar». Já João Tordo abordou a dicotomia entre escrever para si próprio e escrever para as massas, encarando como uma falácia «os escritores que rejeitam o sucesso e dizem que escrevem para si próprios». Isaac Rosa também procurou comparações, neste caso entre a poesia e a prosa, apelando para que «os poetas têm destinatários porque podem dedicar os seus versos a quem entenderem, mas os romancistas, normalmente, não pensam nos destinatários porque escrevem para si mesmos e alguns pensam nos compradores de livros». Bernardo Coelho acabou por contrariar a frase de Alberto Caeiro. «Passo e fico», disse o autor, afirmando que «toda a produção artística e literária é feita com a consciência de que passa e não fica». Germano Almeida, com o mesmo embaraço dos outros ao abordar o verso de Caeiro, terminou a sessão de forma descontraída, dizendo que não acredita na imortalidade através da escrita. Confessou: «Só escrevo quando me apetece escrever, quando tenho uma história para contar e descobri a forma como a escrever. Se tenho uma história conto, se não tenho não me ralo.» Ler mais aqui.