Editorial
Ou seja, o editor envia os livros para a FNAC, a cadeia coloca as etiquetas necessárias e depois devolve ao editor, que terá ele próprio de proceder à tarefa a que outros (a FNAC) se negaram. Porquê? Para libertar os colaboradores das lojas para as tarefas de «divulgação, aconselhamento e defesa intransigente do livro», conforme pode ler-se em e-mail enviado pela FNAC aos editores. Ou seja, para que o aconselhamento e acompanhamento do consumidor sejam melhorados, os colaboradores não podem dispender tempo em tarefas mais supérfluas. Os editores que façam esse serviço. Subentende-se pois que, igualmente, os editores não terão nada de mais útil para fazer.
Apesar da justificação, apetece perguntar se a intenção é prestar um melhor serviço ou fazer uma redução de pessoal. Aguardemos as próximas compras na FNAC para perceber se o serviço irá melhorar.
Depois das alterações à política de descontos (os 10% sobre os quais a FNAC cimentou grande parte da sua popularidade agora são exclusividade de portadores do cartão da cadeia de lojas), a FNAC volta a inovar. Resta saber até quando e se assistiremos, ou não, a uma posição concertada dos editores para evitar outras futuras medidas da cadeia francesa, que poderão ter consequências bem mais perniciosas para o trabalho dos editores.
Paulo Ferreira.