«Há muito tempo, quando os meus pais morreram e eu fiquei à frente do Hotel Silver Bay, muitas pessoas disseram-me que devia aproveitar a oportunidade para o modernizar, para instalar casas de banho nos quartos e televisão por satélite, como tinham em Port Stephens e em Byron Bay, que devia fazer mais publicidade,sobre a beleza da nossa pequena extensão de costa. Dei-lhes ouvidos durante alguns momentos – a nossa falta de clientela há muito que deixara de me preocupar, como desconfio que era o caso na maior parte de Silver Bay. Tínhamos visto os nossos vizinhos ao longo da costa, em ambas as direcções, engordarem com os lucros, mas depois terem de viver com as consequências inesperadas do sucesso: congestionamentos de tráfego, veraneantes bêbedos, uma sucessão interminável de modernizações e instalações. A perda da paz.
Eu gostava de pensar que, em Silver Bay, tínhamos encontrado o equilíbrio certo – visitantes suficientes para ganhar a vida, mas não tantos para que alguém começasse com ideias. Há anos que via a população de Silver Bay aumentar e duplicar na época alta do Verão, voltando a diminuir nos meses de Inverno. O aumento de interesse pela observação de baleias causava um pico fora de época, de vez em quando, mas, de uma maneira geral, o negócio era estável, com poucas probabilidades de nos tornar ricos mas também de nos causar grandes aborrecimentos. Éramos apenas nós, os golfinhos e as baleias. E isso chegava perfeitamente para a maioria das pessoas.
Silver Bay nunca fora particularmente hospitaleira para os forasteiros. Quando os primeiros europeus chegaram, em finais do século XVIII, foi inicialmente considerada uma zona inabitável, com os seus afloramentos rochosos, o mato e as dunas inconstantes, demasiado árida para sustentar a vida humana. (Suponho que, nessa altura, os aborígenes não eram considerados suficientemente humanos.) Os baixios costeiros e os bancos de areia travaram o interesse, fazendo encalhar e destruindo os navios que nos visitavam, até à construção dos primeiros faróis. Depois, como sempre, a ganância conseguiu o que a curiosidade não conseguira: a descoberta de florestas de madeira lucrativas ao longo das colinas vulcânicas, e os vastos bancos de ostras, acabaram com a solidão da baía.
As árvores foram abatidas até as encostas estarem quase despidas. As ostras foram apanhadas para cal e, mais tarde, para comer, até ser proibido, antes de serem também elas dizimadas. Para ser honesta, quando o meu pai aqui chegou não era melhor que os outros: viu os mares a pulularem de pesca grossa – espadins e atuns, tubarões e espadartes – e viu lucro naquilo que a natureza fornecia. Uma série interminável de prémios à sua porta. E assim, neste último afloramento rochoso de Silver Bay, construiu-se o nosso hotel, com todos os tostões das poupanças do meu pai e de Mr. Newhaven.»
Jojo Moyes nasceu em 1969 e cresceu em Londres.
Estudou jornalismo e foi correspondente do jornal The Independent até 2002, quando publicou o seu primeiro romance, Sheltering Rain, e resolveu dedicar-se à escrita a tempo inteiro.
Publicou depois Foreign Fruit (2003), The Peacock Emporium (2004), The Ship of Brides (2005), Silver Bay (2007) e Night Music (2008).
Com Foreign Fruit obteve o prémio «Romantic Novel of the Year», para o qual esteve também nomeada por The Ship of Brides e por Silver Bay.
Para mais informações sobre a autora e a sua obra visite o site www.jojomoyes.com.
Estudou jornalismo e foi correspondente do jornal The Independent até 2002, quando publicou o seu primeiro romance, Sheltering Rain, e resolveu dedicar-se à escrita a tempo inteiro.
Publicou depois Foreign Fruit (2003), The Peacock Emporium (2004), The Ship of Brides (2005), Silver Bay (2007) e Night Music (2008).
Com Foreign Fruit obteve o prémio «Romantic Novel of the Year», para o qual esteve também nomeada por The Ship of Brides e por Silver Bay.
Para mais informações sobre a autora e a sua obra visite o site www.jojomoyes.com.
Tradução de Elsa T. S. Vieira. 416 Páginas. PVP 16,50