segunda-feira, 30 de março de 2009

Opinião: O Novo Mundo do Livro, por Nuno Seabra Lopes

O NOVO MUNDO DO LIVRO,
por Nuno Seabra Lopes (*)

Estará o mundo melhor sem livros impressos?

Jason Epstein, o decano editor norte-americano, responsável durante 50 anos pela gigantesca Random House, afirmou recentemente que a salvação do livro pode passar pela sua não existência enquanto impresso.

Num mercado repleto de livros, poucos são aqueles que conseguem vender um número significativo que compense o seu desenvolvimento e produção.
Neste actual panorama, pautado pela forte hierarquização, que afasta comercialmente do mercado obras importantes, novas soluções tornam-se o mercado de amanhã, reestruturando a forma como adquirimos os livros que realmente desejamos e o modo como este negócio se estrutura.

Actualmente, e por causa do mundo digital, já são poucos aqueles que pensam em dirigir-se a uma livraria para encomendar um livro estrangeiro, assim como é cada vez mais complicado julgar que determinada livraria terá um livro específico que nós queremos, tendo ele sido lançado há mais de seis meses.

A cadeia de valor deste negócio está, definitivamente, a mudar e os editores têm de ter isso em atenção.
Nos próximos tempos, para que o leitor tenha à sua disposição material de leitura com qualidade, bem como acesso aos textos da forma mais conveniente, ao preço mais acertado e no local mais apropriado, já não se pode pensar em fazer apenas livros, mas sim, e se for esse o caso, também livros.

E quanto a tê-los à disposição na livraria? Dificilmente. As soluções podem passar pela impressão de obras a pedido e outros sistemas, retirados de um gigantesco silo de conteúdos pertencente a quem disponibilizar a plataforma e gerir os direitos.

Não se trata de vaticinar novos tempos, nem de dar um fatal apoio aos tempos digitais. Mas, no futuro, os livros que hoje são expulsos do mercado poderão ser o mercado de amanhã, o modelo económico poderá ser radicalmente diferente e pode não faltar muito para que os editores constatem que a edição e venda de novos livros impressos constitua uma reduzida fatia do negócio, sendo todo o restante mercado aquele onde, infelizmente, não estão.

(*) Nuno Seabra Lopes é licenciado em Estudos Europeus, tem Especialização para Técnicos Editoriais e Mestrado em Estudos Editoriais. Trabalha desde 1999 no sector da edição, sendo Especialista Convidado do Curso de Especialização para Técnicos Editoriais da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É sócio-fundador da Booktailors e consultor editorial especializado nas áreas da Edição e da Estratégia.
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