sexta-feira, 27 de março de 2009

As mudanças na Feira do Livro

O JL foi entrevistar os dois principais responsáveis de APEL e UEP, para ouvir a sua posição face às principais alterações da feira deste ano. Do lado favorável às alterações deste ano, está Rui Beja (APEL); do lado oposto, Carlos Veiga Ferreira (UEP). Saliente-se o registo e o tom das declarações dos dois protagonistas, com Carlos da Veiga Ferreira a reconhecer mesmo que esta direcção estará a «fazer um trabalho importante, a arrumar a casa e a tentar melhorar a Feira.», antevendo-se assim uma maior concórdia do que aquela vivida em recentes edições.
Reproduzimos aqui a notícia, intitulada «Mudanças na Feira do Livro?», da autoria de Ricardo Duarte.

«São várias as novidades das próximas Feiras do Livro. A de Lisboa abre mais cedo, a 30 de Abril (até 17 de Maio), quando habitualmente era no final de Maio. Tem horários diferentes, das 12 e 30 às 20 e 30, de segunda a quinta (antes era das 16 às 23), e das 11 às 23, aos sábados, domingos e feriados, e novos pavilhões, que depois serão usados na Feiro do Porto, que este ano não se realiza em simultâneo com a de Lisboa (inaugura a 27 de Maio e prolonga-se até 14 de Junho). Mudanças cujo principal responsável é Rui Beja, presidente da APEL, organizadora da Feira, e que suscitam reservas a Carlos da Veiga Ferreira, presidente da UEP.

SIM

Rui Beja

A antecipação para o final de Abril é vantajosa por várias razões: permite a modernização simultânea das feiras do livro de Lisboa e do Porto (têm agora datas distintas), usando os mesmos pavilhões; e propicia um trabalho mais aprofundado com as escolas, numa altura que estão mais disponíveis, segundo o feedback que temos tido. E o clima não será um problema. Pedimos um estudo ao Instituto Meteorológico: entre Maio e Junho não há grandes diferenças, só ao nível do calor. É também nesse sentido que vai a alteração dos horários. É uma época que convida ao passeio pelo Parque Eduardo VII. É preciso ter em conta que a vida citadina mudou, que as pessoas trabalham por turnos e que têm horários diferenciados. Vai haver um espaço de restauração, que fazia falta, pelo que se pode almoçar na feira e continuar a visita à tarde. Durante a semana a afluência à noite era muito reduzida. E, claro, o horário é mais adequado ao público escolar. Por último, os novos pavilhões trazem várias vantagens. São mais modernos, atractivos e de manuseamento simplificado, na abertura e no fecho. Podem ser usados individualmente ou acoplados, para uma gestão do espaço mais eficaz. Os participantes têm total liberdade de escolha. E um dos problemas apontados – a inexistência de bancadas laterais – foi resolvido.

NÃO

Carlos da Veiga Ferreira

Estou absolutamente em desacordo com os novos horários da Feira do Livro de Lisboa. Em tempos houve uma edição com opções idênticas, no Terreiro do Paço, que se relevou um enorme flop comercial. Porque as pessoas não têm tempo nesse horário. Às vezes, nem para almoçar. Mesmo procurando atingir o público escolar, a experiência diz que também não se chega lá por esse caminho. Posso enganar-me, mas estou convicto que o horário não é adequado. Quanto aos novos pavilhões suscitam-me reservas semelhantes, sobretudo porque o seu formato, quando comparado com os anteriores, reduz em cerca de 30 a 40% o espaço disponível. Ter o maior número possível de livros exposto é fundamental. É essa a expectativa das pessoas e o que as leva à Feira: encontrar obras que não estão disponíveis nas livrarias, o que só se consegue com tabuleiros maiores. Em relação à calendarização, há quatro ou cinco anos diria logo que não concordava. Mas com as mudanças metereológicas, é difícil dizer. É possível que esteja bom tempo na altura. Mas apesar de tudo, as expectativas são boas. Esta direcção da APEL está a fazer um trabalho importante, a arrumar a casa e a tentar melhorar a Feira.»

A notícia pode ser lida na página 9, do nº 1004 do JL, actualmente nas bancas.