terça-feira, 9 de setembro de 2008

Buchholz, por Francisco José Viegas

«Não era a minha livraria -- mas era uma das livrarias onde me sentia bem, rodeado daquela desordem malévola e amável ao mesmo tempo. Era uma livraria classista. Fui maltratado algumas vezes, mal atendido outras tantas, enxotado da secção de filosofia ou de linguística (as únicas que eu procurava), deixado sem resposta («não sei» ou «deve estar por aí»), vigiado porque não vestia como os clientes da Buchholz se deviam vestir ou não usava os cheques que os bons clientes usavam. Era uma livraria de outro tempo, onde se atendiam os senhores doutores, que tinham direito a preços especiais; e não se prezavam os frequentadores que não entravam na lista dos happy few com cara de unhappy few, geralmente figuras públicas temidas por um estudante universitário com sotaque de Trás-os-Montes que ia à livraria amedrontado. Se não se fazia parte do círculo, não se era bem tratado»

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