quinta-feira, 5 de junho de 2008

A Feira do Livro de Lisboa (José Saramago)

«O que achou da Feira do Livro?
É conhecido que eu comecei por fazer protestos. Achava que, se cada um começasse a fazer aquilo que queria, isto acabava por perder um certo carácter "democrático" que tinha. Fiquei à espera de vir cá ver. Não sei como está o resto, mas a parte da LeYa está bem pensada. Pelo menos, se a LeYa estiver disposta a proteger os autores, na sua vida profissional e no trabalho, como os protegeu aqui, é um grande passo em frente. Dentro destes pavilhões [onde decorreu a sessão de autógrafos] estamos, digamos, abrigados do vento ou da chuva, que ali fora às vezes não se podia suportar. E tem algo de bom que é o facto dos leitores poderem circular dentro dos stands, escolherem os seus livros e pagá-los. Mas em relação à Feira, eu formularia um voto.

Que voto?
Que os editores acabasse com o triste espectáculo que quase todos os anos se dá, desde que se criou a UEP. Não se trata exactamente de saber quem tem razão e quem não a não tem. Até porque nós não sabemos as razões que os levam a opor-se uns aos outros. Eu posso tomar partido pelo Benfica ou pelo Sporting porque, enfim, já os conheço há muito tempo, embora já não sejam os mesmos. Agora, o que quer a UEP e o que quer a APEL? Suponho que querem que os seus sócios e editores publiquem e vendam livros. Não percebo realmente por que razão é esta guerra do alecrim e da manjerona, que se repetem todos os anos. O público deve estar um bocado cansado, sobretudo porque não sabe nada dos motivos. Porque há motivos conhecidos, mas a gente suspeita que há motivos ocultos. Mas enfim, isto acabou bem. E do ponto de vista das alteraçoes, se todas forem tão equilibradas como esta da LeYa, e não estou aqui para fazer festas à LeYa, apenas a reconhecer uma boa solução, é um bom caminho.»

Em entrevista ao blog do JL, José Saramago deixa a sua opinião. Para ler na íntegra aqui.