A sessão de ontem, acorrida q.b. pelo sector e por poucas mais pessoas, teve como pano de fundo as diferenças APEL/ UEP, a Feira do Livro, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e as questões de fundo dentro do seio da UEP (posição da LeYa face aos restantes sócios).
Tendo iniciado de modo conciliatório, com discursos que apontam caminhos para as duas associações, Tito Lyon de Castro abriu a conversa de forma mais directa e, como já nos habituou, com uma franqueza desarmante.
Com os contributos de Guilherme Valente e as respostas (surpreendentemente directas) do Director da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa, os ânimos exaltaram-se e foram ditas coisas que ainda não tinham saído a público, assim como exclarecidas algumas situações.
Faltar, faltar, só faltou Baptista Lopes, referenciado mais do que uma vez no decurso da sua actuação nas negociações com a UEP e a CML.
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Livros de Mês
Osvaldo Silvestre, o «editor do mês», escolheu para livros do mês (os que gostaria de ter publicado), as seguintes obras:
- Diário (1941-19433) de Etty Hillesum (Assírio & Alvim);
- O Mundo num Segundo, Isabel Martins e Bernardo Carvalho (Planeta Tangerina), tendo sido bastante elogiado o trabalho do ilustrador português Bernardo Carvalho (não confundir com o romancista brasileiro);
- O Homem sem Qualidades (vol. II), Robert Musil (D. Quixote);
O que divide os editores?
Esta foi a pergunta que iniciou a conversa.
Carlos Vaz Marques, dirigindo-se a Carlos Veiga Ferreira, teve como resposta uma abordagem histórica, assente em duas tradições e duas épocas distintas: uma primeira época corporativa (do grémio), onde se dividiam de acordo com a sua posição política e dependência do Estado. Quando pedido para explicitar, Carlos Veiga Ferreira referiu a diferença entre as editoras que cresciam à conta do Estado (tendo sido referenciada a Porto Editora e a Verbo, após questão directa de CarlosVaz Marques) e os que eram independentes do Estado (tendo sido referenciada a Europa-América).
Após o 25 de Abril, diz Carlos Veiga Ferreira, mantiveram-se duas tradições, agora já não tão divididas por questões de ideologia política (apesar de Tito Lyon de Castro ter abordado os fundamentos políticos de esquerda subjacentes ao Clube dos Editores e, posteriormente, à UEP), mas sim por questões de conformidade face às alterações, assim como na forma de se pretenderem relacionar com as instâncias do poder político.
Apesar das «tradições», Carlos Veiga Ferreira entendeu que, actualmente, não há questões pessoais pendentes (que afectem ao nível profissional ou associativo), e que existem muitos interesses comuns e visões coincidentes daquilo que se quer fazer do mercado.
Referiu também o quanto o sector tem sido prejudicado pela cisão, nomeadamente ao nível da perda progressiva de apoio público.
(a continuar)