quinta-feira, 15 de maio de 2008

Feira do Livro: reacções na blogosfera

Nota: para evitar multiplicação de posts dedicado às reacções da blogosfera, este post estará em permanente actualização.

- Cadeirão de Voltaire, Sara Figueiredo Costa: «Foi-se ouvindo, mas nada de muito novo surgiu da conversa. As mesmas trocas de acusações, a mesma prepotência de quem tem o bolso cheio e a certeza de que já se deu a volta às leituras permitidas pelas notícias que vão saindo: a Leya passou de desestabilizadora a vítima e daqui a uns dias, já ninguém se vai lembrar da ausência prepotente do grupo nas reuniões convocadas para a organização da Feira, nem das propostas que fizeram directamente à CML, passando por cima das organizações de editores e demonstrando uma postura e um modo de funcionamento que não auguram nada de bom para o futuro (por exemplo, ao nível das relações com as livrarias, sobretudo com as que têm menos margem de negociação). De resto, Isaías Gomes Teixeira foi falando, ora pela Leya, ora pela UEP. Mas foi sempre dizendo que não tem nada a ver com as guerras entre APEL e UEP e que a Leya só apareceu em Janeiro.
(...)
Quanto à Feira, a última versão (mas só até agora, que isto tem tudo para mudar mais umas dez vezes até ao dia 21, e até pode ser que não haja Feira para ninguém) diz que os pavilhões da APEL estarão no sítio combinado e que, como estes não ocupam todo o Parque (deixando livre uma área que a CML pode gerir como quiser), a Leya ocupa o espaço livre. Afinal, sempre se dividiu o Parque ao meio e afinal, a Leya fará o que quer e lhe apetece (coisa de que ninguém duvidou). E ficámos todos a saber um bocadinho melhor como serão as coisas daqui para a frente.»

- Irmão Lúcia, Pedro Vieira:«já farta tanta verborreia a propósito da feira do livro, associações de discurso imobilista de um lado, pantagruéis forrados de dinheiro do outro, estes agora também admitidos à mesa das negociações canibalizando assim a associação que os representa, o que não vale um bom chumaço de euros enfiado nas calças, isso que trazes aí é o poder negocial da leya ou estás só contente por me veres, e vão-se sucedendo reuniões, prazos, comunicados, se deles dependesse a imprensa escrita então pobre amazónia, já estava transformada num eucaliptal que suportasse tanto press release, e o povo lisboeta a ver a banda passar, ou melhor, desafinar, lançados à sorte de uns termómetros das nossas vontades que resolveram dizer que não gostamos das barracas, nem do sobe e desce, do ar livre, do parque como ele é, pois eu cá gosto dele, de visitá-lo dias a fio só com o pretexto de procurar uns saldos ou um livro do dia que me console, de beber uma imperialucha sentado numa cadeira de plástico no topo do parque, de ver os últimos jacarandás em flor que ainda valem a pena um vislumbre, e há mais gente que gosta disto, a minha mulher, por exemplo, a sara figueiredo, o zé mário silva, seremos mais aposto, que preferem não deixar o parque entregue ao putedo e ao restaurante eleven, descubram-se as diferenças, diz que um serve melhores perdizes em cama de massa folhada do que o outro, adivinhem vocês qual, dizia, gosto da errância do parque, do ar livre, e dispenso tendas de circo e animo-promos com colunas a bombar em volume indecente, give ears a chance, e por favor não me venham com o graal do espaço fechado e suypostamente digno, sempre prefiro o cheiro a farturas do que o cheiro a alcatifas, tudo muito higienizado e lavadinho, sem planos inclinados que o povo tem medo de torcer o pezinho. já estou a imaginar, um grande pavilhão com ar condicionado, hospedeiras de portugal a massajarem os livros do dia, e tudo cheio de barracas garridas e som centralizado, as odes de píndaro ao som de celine dion, o livro do desassossego embalado pelo bryan adams, um sonho, painéis tácteis, plasmas e eu com saudades da erva e do calor, tenham paciência, de vez em quando lateja-me a veia freak-com-rasta-guizos-e-cães, gosto de lisboa em espaço público, com imperfeições, pois claro, e já agora com uma câmara municipal que não ande com os nervos em frangalhos graças a uma tesouraria arruinada, disposta a alinhar com o clima de guerra civil e dirigida por um presidente que a esta hora já deve estar arrependido de ter saltado do governo, afinal por lá fuma-se onde (não) se pode e a oposição atura-se melhor que estes pseudo-organizadores de "eventos", a feira do livro não é só um "evento", caralho, para mim ainda é mais do que isso, tem o tal de interesse público inerente, aquele que a cml quer esquecer dada a ausência dos consagrados quando seria talvez mais importante garantir que o juan rulfo, o bruce holland rogers ou o joão tordo sejam lidos por mais gente, e por falar em autores, onde andam as vozes de quem escreve? dos autores nem um pio, nem sequer desses que constituem o "interesse público", o que para mim é deveras estranho, botam faladura a propósito da palestina e de israel, da guerra colonial, da história à portuguesa, de distopias e do regime cubano, da amizade com A grande e mitificado, do livro que se escreve a si próprio e de outras falsas modéstias e quanto à feira nem uma palavra, nem um chilreio, em entrevistas adopta-se a postura agarrem-me que me vou embora se não me tratam nas palminhas mas pelos vistos há mais quem concorde com o maravilhoso mundo das alcatifas e das tendas de circo, trapézios onde se possa balançar o ego e rir dos idiotas como eu que lambem os beiços com churros e promoções. dizia o outro que quando quiserem compará-lo com outros arranjem alguém da altura dele. pelos vistos não é preciso subir muito alto.»

- 1979, Luis Cristóvão: «Duas horas fora do escritório, e mais uma bomba - a Gradiva, depois do abaixo-assinado que promoveu ao início do dia de hoje, sai da UEP.

Existem razões muito fortes para o abaixo-assinado da Gradiva ter todo o sucesso: de facto, são as pequenas e médias editoras quem investe mais (em termos comparativos) na Feira do Livro.
Uma estrutura pequena, como é o caso da Livrododia, tem que juntar-se a outras pequenas estruturas, no caso, a distribuidora 90 graus e as suas várias editoras, para conseguir estar na Feira. É um esforço que fazemos, cujo o sucesso nos levanta dúvidas, mas que estamos dispostos a correr para disponibilizar os nossos livros aos visitantes da Feira. Para além desse esforço económico que representa para nós a presença na Feira, tentamos que vários dos nossos autores estejam presentes para sessões de autógrafos, bem como tentem, através dos seus contactos, levar as pessoas à Feira.

Isto não são peanuts, não são números, não são pavilhões inovadores (estou para ver!) - são pessoas, a dar tudo por tudo, para participar na Festa, a suar, a dar as horas que podiam ser descanso, para poderem passear pelo Parque e ver os seus livros ali expostos (Sim, Sr. Isaías, nós vamos à Feira desde pequeninos, nós sabemos o que é um livro do dia...).Se isso é menos importante que o valor do cheque que poderá patrocinar a reeleição do Sr. António Costa, não sei. A mim custa-me ver a Feira assim deitada pelo Parque abaixo. E reafirmo que não teria mesmo graça nenhuma ver uma feira só do feita de Praça Leya. Ainda assim, a nós, aos pequenos, estas notícias levam-nos a ficar muito perto de desistir. Porque não é possível aguentar a incerteza de haver ou não feira. Porque o esforço que foi feito até agora, pode ter sido em vão. Porque o único resultado prático que isto pode ter, é colocar os pequenos do lado de fora da Feira. Como já foram ficando de fora de vários outros espaços...»