Vasco Graça Moura publicou ontem no Diário de Notícias mais um artigo dedicado ao acordo ortográfico, intitulado "Partes de África". Alguns excertos:
«...os negociadores do Acordo agiram com a sobranceria de donos da língua, esquecendo-se de que os países africanos que a falam são tão condóminos dela como nós ou os brasileiros e arrogando-se uma perspectiva do mais puro neocolonialismo.
O Acordo só cura de arrumar a questão entre Portugal e o Brasil. Os outros que se curvem docilmente ante a decisão.
Está-se nas tintas para os países africanos e para Goa (onde o português tem um valor histórico, cultural e simbólico insubstituível para os próprios goeses, cuja memória arquivada na nossa língua tem, aliás, cinco séculos), para Macau e para Timor.
Não se preocupa minimamente com o facto de as pronúncias africanas não estarem bem estudadas.
(...)
Estes pontos, já de si gravíssimos do ponto de vista ético, não têm nada a ver com interesses económicos, políticos ou geopolíticos, embora deles possam decorrer efeitos altamente nocivos também nesses aspectos.
São questões de ordem linguística a que os defensores do Acordo continuam a não se dignar dar resposta no mesmo plano, tal como não a dão quanto às objecções de idêntica índole que têm sido levantadas no tocante às variedades lusitana e brasileira do português.
(...)
Será isto contribuir para a "unidade" da língua? Alguém se admira ainda por a Guiné-Bissau, Angola e Moçambique não terem ratificado o Acordo nem os Protocolos Modificativos?»
A ler na íntegra aqui.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
Acordo ortográfico (Vasco Graça Moura)
Postado por Booktailors - Consultores Editoriais às 19:15
Marcadores: Acordo Ortográfico, Opinião