sábado, 1 de março de 2008

ahl al-kitab?


«Povos do livro», era o que os muçulmanos chamavam aos que professavam as religiões de origem semita, ou com base n'O Livro Sagrado (Bíblia), nas suas mais diversas versões, incluíndo a «versão final» do Alcorão.

O Livro respeitava o elo sagrado que definia a política e permitia o culto (tributado) de todas as religiões dessa origem.

Bom, isso foi há muitas centenas de anos atrás.

Actualmente livro não é documento e a política reina mais do que a religião.

Não, não vou falar do Spielberg e do seu boicote à China (engraçada analogia com o caso seguinte, vinda de quem vem), mas de um outro boicote no Salão do Livro de Paris.

O convidado de honra do próximo certame é Israel e, como adivinham, não foi uma decisão simples de tomar e, em especial, de manter.

Desde o anúncio do país convidado que as críticas começaram a chover, eminentemente da comunidade árabo-muçulmana como a recente declaração de Ibrahim al-mu'allim, secretário geral da União de Escritores Árabes.

O certame, organizado pelo SNE, abre as portas dentro de duas semanas e é visto por alguns como a celebração dos 60 anos da criação do estado Hebraico.

Logo no início da semana, a versão islamita da Unesco, a Isesco, apelou ao boicote de todos os países árabes (cerca de 50), seguida desde já pelo Iémen (que já não ia, mesmo assim...) e pelo Líbano, assim como os argelinos e os marroquinos, embora a título individual (decisão dos editores), apesar de se adivinhar na decisão questões coloniais por resolver.

Serge Eyrolles, presidente do Syndicat national de l'édition e o organizador do Salão protesta contra a leitura política, afirma não convidar países, mas sim culturas, lamentando estarem a ser alvo de um «boicote desmesurado».