quinta-feira, 27 de março de 2008

Acordo Ortográfico (Comendador Marques de Correia)

Na passada semana, o Comendador (na sua habitual última página da Única - 98) dirigiu-se a Pinto Ribeiro. Aqui ficam alguns excertos:


«Pessoalmente, fico feliz com a entrada em vigor do acordo. Não preciso do c do Actual nem do p do Óptimo nem do c de Direcção, nem do p de Baptista. Aliás, nem preciso do h de Henrique, nem os tipos querem que ele lá fique, sem se preocuparem com o acréscimo de custos de tinta que isso tem para os Henriques, Humbertos, Hugos, Homeros e outros prejudicados pela grafia antiga.

Quero, porém, alertar-te para outros acordos que falta fazer. Se vamos conseguir uma excelente unificação ortográfica com o Brasil, ainda estamos longe de fazer o mesmo com as empregadas domésticas, os taxistas, os senhores do talho, os donos de tascas, o Dr. Jorge Coelho e o Comendador Joe Berardo, embora este último possa ser, em bom rigor, proibido de pertencer à Comunidade de Países de Língua Portuguesa.


Por exemplo, quando o Dr. Jorge Coelho diz: «Os portugueses há-dem ver» há que pôr isto no acordo. Porque não é só o Dr. Coelho, são milhões de portugueses que dizem aquele há-dem sem pestanejar. Há que lhe dar a equivalência a hão-de.

(...)


Resta, depois, unificar a ortografica, com o Dr. Vasco Graça Moura. Vai demoar mais tempos, porque, segundo sei, o reputado poeta, deputado e escritor vai escrever como no tempo de Fernão Lopes só para chatear.»


Comendador Marques de Correia, revista única, 21.03.2008, p. 98.