terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A revolução só agora começou

É com este título que Sérgio Almeida assina no JN de hoje um dossiê sobre o tema da concentração editorial (p.54 e 55). A Booktailors foi igualmente consultada para a elaboração desta reportagem.

Alguns destaques:

«Foi apenas a partir da aquisição da Bertrand [pelo] Círculo de Leitores [do] grupo alemão Bertelsmann, ainda em 2006, que o processo de adaptação das editoras às novas realidades do mercado acabou por ser acelerado. "A partir desse momento, ocorreu uma alteração de escala e de ritmo, e é a essa vaga ainda pouco nítida - porque em ebulição e por se jogar em vários tabuleiros com agentes com interesses diferenciados no sector -, que estamos a assistir" [citação de José Afonso Furtado»

- «Apesar de Vasco Teixeira (...) acreditar que "já sobram poucas editoras de alguma dimensão" susceptíveis de atrair o interesse dos investidores, o rol de empresas do sector que poderão ser adquiridas nos próximos tempos é ainda significativo, incluindo marcas de peso com a Difel (comprada há um ano pela Inapa) ou a Campo das Letras».

- «Uma das consequências mais imediatas das transformações em curso irá passar forçosamente pela disputa acesa dos autores comercialmente mais apelativos. As transferências de escritores para outras editoras sempre foram uma raridade entre nós, mas nem os acordos de cavalheiros que até agora vigoraram com sucesso deverão impedir uma realidade já habitual em mercados de maior dimensão. Precavendo-se da perda dos seus activos mais valiosos, várias editoras estão já a oferecer contratos alargados a autores dos respectivos catálogos. Foi o que aconteceu recentemente, segundo apurou o JN, com um dos nomes mais fortes da literatura portuguesa contemporânea, que renovou contrato com a sua editora a troco de uma verba milionária, até agora apenas vista nos desportos mais populares: um milhão de euros.»

- «"Uma das características destas movimentações é saber-se como começam mas não quando e como acabam. Está em jogo a liderança de segmentos de mercado e, por isso, considero muito provável que este surto se vá prolongar, embora mais lentamente", antevê José Afonso Furtado, ciente de que "tanto a Porto Editora como o Grupo Bertelsmann irão tentar reforçar a sua posição competitiva"».