terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Q&A: Fusões, aquisições, concentração...

O JN de hoje publica uma pequena rubrica Q&A (aqui), relacionada com o tema da concentração editorial, cujas respostas foram dadas pela Booktailors.

- Esta série de aquisições e fusões era anunciada?
Diria mais que era há muito esperada, seguindo as tendências das últimas décadas em todo o Mundo. O facto de só agora ter acontecido é representativo do sector e não do mercado, pautado pela falta de estatísticas e indicadores económicos fiáveis, pela falta de estruturas que criassem valor e garantissem vantagens competitivas a médio/longo prazo.

- Quais as vantagens e desvantagens que podemos associar a esta tendência?
A principal vantagem será a da maior profissionalização, assim como a maior disponibilidade financeira para apostar em inovação, no desenvolvimento de novas dinâmicas e em fazer com que o mercado avance mais rapidamente. A grande desvantagem é a separação do sector em divisões quase estanques, onde os grandes grupos dominam os elos da cadeia, garantindo as vantagens, e os pequenos editores ficam de fora, longe dos mercados 'mainstream'.

- Os novos autores vão ter a vida ainda mais difícil?
Em alguns dos projectos (como o LeYa) foi dito que haverá uma aposta nos autores de língua portuguesa, o que significa que alguns grandes autores terão um impulso excepcional, mas, por outro lado, os maiores valores irão ser usados para garantir os principais direitos, as obras que conseguem chegar mais facilmente aos tops de vendas. Em relação aos novos autores, será obviamente complicado, mas sempre o foi. Hoje, com a Internet, é até mais fácil do que antes. De um ponto de vista geral, os autores só sairão beneficiados de tudo isto.

-O que vai mudar?
Haverá, certamente, mais profissionalismo, mais marketing e uma comunicação mais direccionada. Haverá também menos cavalheirismo e os "roubos" de autores irão suceder-se, juntamente com os contratos milionários. O best-seller continuará a vingar e ficará ainda mais "barulhento" no mercado. Haverá cada vez mais celebridades e cada vez menos escritores que não queiram cumprir as regras do mercado.Vai, como sempre foi, continuar a ser um negócio para muita gente.