Deixamos aqui uma entrevista hoje publicada no DN sobre o Círculo de Leitores. Agradecemos o envio da referência a um leitor anónimo. A entrevista foi conduzida por Isabel Lucas, a Pedro Cabrita Carneiro, tendo recebido o título "Até 2010 queremos investir 50 milhões" "
A reestruturação da revista pretende relançar a venda de livro em circuito fechado numa altura em que o Círculo de Leitores e a Bertrand querem ser o maior grupo editorial. Pedro Cabrita Carneiro faz o balanço de dez meses, lança metas e fala do regresso da 'Ler' em 2008
Quantos sócios tem neste momento o Círculo de Leitores (CL)?
Cerca de 340 mil sócios.
Um número que tem vindo a diminuir...
Sim. Não aumentou. Já tivemos muitos mais sócios.
Há dez anos, por exemplo, quantos eram?
Uns cem mil mais.Há a ideia de que a venda porta a porta, ou em circuito fechado, está em crise.
Qual é neste momento a situação do CL?
Este ano, o CL vai pela primeira vez em muitos anos ter o seu volume de vendas estabilizado.
Pode-se dizer o mesmo em relação à Bertrand?
Em relação à Bertrand não disponho de números.Houve recentemente uma polémica com alguns editores que não estavam representados na Bertrand por não aceitarem as novas condições propostas pelo grupo. Como está essa questão, já foi resolvida?
Essa situação foi ultrapassada. A larga maioria, senão a totalidade dos editores, está representada.
Todos os editores estão na Bertrand?
Não sei quantos editores existem em Portugal, mas esse problema não se põe agora.
Foi fácil ultrapassar a polémica?
Trabalhámos todos os dias em que houve polémica no sentido de a ultrapassar o mais depressa possível.
Desde Março que o grupo Bertelsmann, detentor do Círculo de Leitores, comprou a Bertrand e passámos a assistir à edição em livraria de obras que começaram por sair no circuito fechado do clube de livros. Caso, por exemplo, das biografias dos reis de Portugal, que depois de serem publicados no Círculo de Leitores estão em venda livre com a chancela Temas & Debates. É uma iniciativa para continuar?
A nossa ideia no Direct Group em Portugal é por um lado tirar partido de estarmos juntos e encontramos formas de servir melhor os leitores, quer isso passe pela venda do livro em circuito fechado, quer pela venda do livro em circuito aberto nas livrarias Bertrand. É possível conseguir mais sócios? Ou seja, o País não é o mesmo de há dez ou 20 anos, há mais livrarias e o acesso ao livro é mais fácil. Que argumentos podem levar a que alguém se torne neste momento membro de um clube do livro como o CL? Passa a ter acesso a produtos exclusivos em primeira mão no que se refere a todos os projectos na área das colecções e séries do CL e que são a espinha dorsal da nossa actividade comercial, editorial, cultural, como lhe queiram chamar. Outro aspecto é o relacionamento e o trabalho que os nossos agentes fazem junto dos sócios que passam pelo aconselhamento, assistência e serviço personalizado.
Até ao momento o investimento mais visível do grupo tem sido na cadeia de livrarias Bertrand...
Neste momento temos 52 livrarias e planos para continuar a expandir. Até 2010 queremos investir 50 milhões de euros em expansão, modernização de tudo o que tenha a ver com a actividade deste grupo em Portugal. Na vertente editorial, de expansão, de retalho (porta a porta) e em livrarias, que é muito consumidora de investimento.
Estamos a assistir a um fenómeno de concentração editorial...
Esta área não é diferente de outras.
O livro é um produto como outro qualquer?
Não disse isso. O que quero dizer é que esta área não é diferente das outras em que temos assistido a momentos de concentração. Cá, a concentração chegou à área editorial mais tarde. Não vejo que o destino passe necessariamente por haver três ou quatro grandes grupos editoriais e nada mais. Como em tudo, onde há actividade económica e consumidores há escolhas, e o segredo está em conseguir identificar os grupos de leitores, os interesses dos grupos de leitores, e servi-los com autores e conteúdos que encaixem.
Como é que o grupo onde se insere o CL se situa face aos outros grandes grupos editoriais em Portugal?
Temos intenção de nos tornarmos um dos maiores grupos, senão no maior grupo editorial em Portugal.
Qual é o vosso volume de negócios actual?
Estamos na casa dos 70 a 75 milhões de euros.