quarta-feira, 12 de maio de 2010

Feira do Livro de Lisboa 2010: Carta aberta de Luís Oliveira (Antígona)

Luís Oliveira, editor da Antígona, dirigiu uma carta à direcção da APEL, que aqui reproduzimos:

«Caros Colegas,

Começo por vos felicitar pelas inovações introduzidas na Feira do Livro de Lisboa deste ano, mas também quero apontar algumas falhas, que passo a enumerar:

1. O horário da feira é uma irracionalidade, uma escravização do pessoal que ali trabalha; é fundamental discutir com todos os editores o horário do próximo ano.
2. Realizar a feira no princípio de Maio é outra irracionalidade; o Parque, com os seus incomparáveis relvados e jardins, é muito agradável e convidativo a passear pela Feira em noites quentes; este ano, devido ao frio, é necessário as pessoas munirem-se de casacos de Inverno e aquecedores portáteis…
3. A Feira do Livro do Porto deveria realizar-se antes da de Lisboa; não beneficia das mesmas condições naturais e os habitantes do Norte são mais resistentes às intempéries…
4. Bem sabemos que os bancos não estão interessados em estar presentes na Feira, mas é de tentar uma solução que, pelo menos, aceite depósitos e possua moedas para os expositores.
5. Foi triste para os pequenos editores o episódio do dia 8 (sábado), em que é anunciado aos altifalantes da APEL o encerramento da Feira às 18 horas, sem que, a quase totalidade das grandes editoras, tivesse cumprido a ordem. A LeYa, que tem responsabilidades na APEL, deu um bom exemplo de deslealdade e de arrogância. A APEL, que desde o início exigiu regras bem definidas, também perdeu a sua autoridade.
6. Haverá um mecanismo social hereditário na APEL, que se transmite de direcção em direcção, sem emenda, e que se traduz tantas vezes num visível desprezo pelos seus associados?

É sobre isto que a Direcção da APEL deveria reflectir, convocando desde já uma assembleia geral que permita aos editores manifestarem abertamente as suas críticas positivas e negativas acerca do funcionamento das feiras e de tantos outros eventos. O mercado não está minimamente regulado, vivendo os editores sobre um asfalto movediço e perigoso.

Com os meus cordiais cumprimentos,
Luís Oliveira
(Editor)»