sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Correntes D’Escritas – 4.ª Mesa: «Literatura: o esforço inédito das palavras»

Manuel da Silva Ramos decidiu ontem tornar a 4.ª mesa das Correntes um pouco diferente, aparecendo de capacete e lanterna na cabeça. Para o debate, moderado por Inês Pedrosa, J. J. Armas Marcelo, Luís Naves, Pablo Ramos e Paulo Kellerman não se apresentaram assim tão preparados.

Manuel de Silva Ramos decidiu aparecer como mineiro, ou prospector, visto que na mina onde trabalha há muitos anos «é preciso ter muita imaginação, porque há gente que diz que a mina não existe». O autor explicou a analogia: «No outro dia apanhei uma palavra de 15 quilates de emoção, era uma das mais belas palavras que já vira.» Segundo Paulo Kellerman, «a Literatura é também a arte da curiosidade, sobre o que somos, o que sentimos ou até sobre o que poderíamos ser e sentir» e que «é a palavra que nos distingue». Pablo Ramos contestou o tema. Para ele, não existe esforço inédito, «existe sim o enorme esforço de espírito do escritor». Ramos contou como vem de uma família de músicos e que, devido à sua inépcia nessa arte, virou-se para a escrita, escrevendo um diário onde era um grande músico. J. J. Armas Marcelo enfrentou o tema com o seu habitual humor, considerando um daqueles em que ou nada se dirá, ou se poderão «encher inúmeras páginas». O espanhol considera que o seu trabalho é «discutir com as palavras, descobrindo o seu "lado secreto"» e que situá-las é «o esforço de convertê-las em inéditos». Terminando a sessão, Luís Naves, que se vê como um «agente infiltrado», chamou a atenção para a forma como o escritor é visto na sociedade, considerando ainda que os escritores melhoram com o tempo, graças à experiência de vida.

Os convidados poderão ter fugido um pouco ao tema, mas foi com humor e criatividade que se deu a segunda mesa deste dia. Ler mais aqui e aqui.