«Foi um ano em grande. O terrorismo islâmico chegou à literatura portuguesa e já provocou mais de 100 mil vítimas, maioritariamente civis. O livro de José Rodrigues dos Santos é o melhor do ano, na categoria "revisto por um ex-operacional da Al-Qaeda". José Saramago também quis despertar a fúria divina mas o melhor que conseguiu foi um debate com o padre Carreira das Neves. António Lobo Antunes publicou o seu centésimo nono romance. Aguarda-se a tradução para português. Se o ano correu bem aos vivos, os mortos também não têm razões de queixa. Stieg Larsson e Roberto Bolaño ocuparam os tops de vendas.
Editores e agentes literários gostam que os escritores recebam prémios, mas alguns desconfiam que é mais vantajoso matá-los. Lá fora, tudo na mesma. Philip Roth lançou mais um romance e não ganhou o Nobel. A academia sueca atribuiu o prémio a Hertha Müller, mantendo a tradição de contrariar as casas de apostas. Terminada a febre dos feiticeiros adolescentes chegou em força a febre dos vampiros adolescentes. Como se os adolescentes não fossem suficientemente estranhos. Que tal uma saga de adolescentes que estudam numa escola para adolescentes e que, em noites de lua cheia, se transformam em adolescentes mas com mais acne? Por fim, o ano ficou marcado pelo regresso de Dan Brown. O mundo sobreviveu.» Leia aqui as escolhas do jornal i.