terça-feira, 10 de novembro de 2009

Entrevista a Robert McKee, especialista mundial na área da escrita de argumentos

«Estes três seminários, dedicados a três géneros específicos, devem ser entendidos como especializações em relação ao seminário Story, aquele que trouxe a Portugal há um ano?

Cada dia é uma especialização e uma expansão do seminário Story. O dia do thriller, por exemplo, é uma especialização do ofício do escritor no sentido em que demonstra que todas as histórias de crimes podem ser divididas em 12 subgéneros. Mas, ao mesmo tempo, que estes 12 tipos de trama se distinguem pelo ponto de vista. A técnica do ponto de vista é complexa e, infelizmente, nunca consegui incluí-la no Story por uma questão de tempo. No que se refere aos outros dois géneros, o enfoque será no conhecimento que um autor precisa de ter para provocar lágrimas ou riso na plateia ou no leitor. Ou seja, serão três dias em que iremos mais fundo e mais além do que foi falado no Story.

Muitas pessoas dizem que frequentar os seus seminários é como uma terapia: muda-lhes a vida.

As histórias são metáforas da vida. Logo, não posso ensinar a escrever uma história sem referir a forma como esse ofício está enraizado na existência humana. O propósito de contar uma história é o de desvendar a vida, de exprimir a verdade do ser humano. O seminário Story faz com que algumas pessoas reflictam sobre as experiências mais simples da vida de forma totalmente diferente. Os formalistas russos diziam que o propósito da arte é fazer com que uma pedra se sinta pedra – ou seja, fazer com que sintamos como novo tudo aquilo que a repetição do quotidiano anestesiou. Na mesma lógica, o seminário Story foi concebido para fazer com que o autor sinta a vida como uma coisa nova. Foi concebido para dar vida à vida.» Ler no jornal Sol.