Mário Sena Lopes deixará a Guerra e Paz no final do mês, tendo emitido um comunicado (do qual reproduzimos parte), que mostra bem a forma de ser e estar deste profissional em tudo o que se envolve (com o amigo falarei pessoalmente).
Fica por isso aqui o abraço e os votos de sucesso em próximas investidas no sector editorial. Porque é mais do que certo que ele vai andar por aí. (pf)
Apesar de a Guerra & Paz Editores, fundada em 2006 pelo Manuel S. Fonseca e pelo José G. Rodrigues dos Santos, ser um projecto editorial recente, obteve neste período sucessos que outras editoras demoram uma vida a conseguir – ou nunca alcançam. Em 2008 colocámos no primeiro lugar das listas nacionais de vendas um título que vendeu 175.000 exemplares e foi um dos livros de não ficção mais populares da última década. Com o mesmo livro iniciámos a venda de direitos para o estrangeiro, onde foram publicadas 6 diferentes edições. Com outros livros de autores portugueses está iminente a adaptação a vários suportes – seja ao cinema, à televisão ou ao teatro – dando a Guerra & Paz Editores, com tal actividade, um sinal sobre a sua vontade de defender os interesses dos seus autores em mercados internacionais e alternativos, sempre que as circunstâncias o permitam.
No entanto, 2009 continuou a ser um ano de crise económica, com reflexos na capacidade de consumo dos portugueses, atingindo severamente a classe média – sustentáculo da compra de livros – e impactando negativamente o consumo livreiro. Naturalmente, esse impacto foi recebido de forma diferente conforme a maior ou menor estrutura dos grupos editoriais e editoras, mas para uma jovem e pequena editora independente, como a que é a Guerra & Paz Editores, não só esse impacto foi mais forte como lidar com a presente crise implica medidas de reequilíbrio e ajuste drásticos para assegurar a continuidade de um projecto editorial apresentando já uma marca distintiva no mercado português do livro, consubstanciada na publicação de livros com ideias e para debater ideias, dos quais não estão ausentes o sal da polémica ou o humor irreverente.
Ao apresentar a minha demissão como Director Editorial da Guerra & Paz Editores, faço-o com o objectivo de facilitar as ulteriores medidas de adaptação e ajuste à situação decorrente da crise do mercado, medidas com as quais estou em completa sintonia com a Administração, e que permitirão dar continuidade a uma das mais originais editoras portuguesas independentes.
Não há palavras suficientes para agradecer à equipa e à Administração da Guerra & Paz Editores, aos nossos Autores, aos colaboradores e fornecedores da editora, a colaboração leal, a simpatia e mesmo a amizade que exprimiram. A todos, no momento da minha saída, recomendo que continuem a confiar na Guerra & Paz Editores e na sua Administração, na pessoa do Manuel Fonseca e do José Santos, cuja continuidade como fundadores e administradores é o garante seguro da manutenção do perfil editorial, da competência editorial e administrativa, da seriedade de processos que sempre caracterizou e continuará a caracterizar a editora.
Antecipo um pouco o envio desta mensagem, em vez de enviá-la no último dia do mês, como é de regra, para que possam colocar as dúvidas relativamente a assuntos e processos pendentes, desde já garantindo que, mesmo após a minha saída, darei voluntariamente à Guerra & Paz Editores toda a colaboração necessária para assegurar a transmissão de processos em curso. Nem outra forma de actuação seria de esperar, tendo em conta o relacionamento leal, estreito e amigável que é o histórico da minha relação com o Manuel Fonseca e o José Santos, bem como a vontade comum, que partilhamos, de dar continuidade e estabilidade ao projecto editorial que a Guerra & Paz Editores consubstancia. A ambos desejo o maior êxito e estou certo que os seus conhecimentos, capacidade e energia, são uma segura garantia do mesmo.»