segunda-feira, 18 de maio de 2009

Opinião: AMOR AOS LIVROS - Que livro queres ser?, por Paulo Gonçalves

AMOR AOS LIVROS: Que livro queres ser?
por Paulo Gonçalves (*)

A 3 de Abril de 1977, Martin Cooper iniciou a revolução das telecomunicações quando, algures numa rua de Nova Iorque, telefonou ao seu «adversário» Joel Engel a partir do primeiro telefone portátil. Hoje, com 79 anos, surpreende ao afirmar que o «telefone básico será, num futuro não muito distante, embebido debaixo da pele do utilizador, juntamente com um computador potente que vai ouvir a voz da pessoa e seguir os seus comandos».

Numa altura em que assistimos a uma guerra de gadgets entre o Kindle 2 e o Sony Reader pelo mercado dos eBooks readers, torna-se irresistível exercitar a imaginação e especular se, num futuro próximo, também não estaremos nós perante a inevitabilidade de podermos embeber debaixo da pele os livros que queremos ler – ou que queremos ser.

Por absurdo que possa parecer, este exercício leva-me a recordar um dos meus livros preferidos, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, que François Truffaut transformaria num clássico do cinema de ficção científica em 1966.

Nesse mundo cinzento, alienado, invertido de Bradbury, no qual os soldados da paz ateavam fogos em vez de os apagarem, Montag, bombeiro incendiário de profissão, comete o pecado capital de gostar de livros. Precisamente o objecto predilecto das mangueiras pirómanas. E por isso é perseguido, e a sua morte encenada e transformada em espectáculo televisivo (é bom lembrar que a obra foi publicada em 1953…), acabando por se refugiar numa floresta habitada por livros. Livros de carne e osso, «milhares, pelas estradas, pelos caminhos-de-ferro esquecidos, vagabundos por fora, bibliotecas vivas por dentro». Um universo em que as pessoas seriam os livros que queriam ser.

Ora, chegados a este ponto, ressurge a questão: que livro queres ser? E ao responderes a esta questão, cara leitora e caro leitor (caso estejas por aí ainda), tem em mente a velha máxima de que não te julgarão pela capa, por mais bela ou bem conseguida que seja. Nem te preocupes em seguir tendências. Por uma vez, escolhe o livro. Ou deixa que ele te escolha.

Será o amor de uma vida.

(*) Formado pela Escola Superior de Jornalismo do Porto, Paulo Gonçalves está na Porto Editora desde 1996, sendo Responsável pelo Gabinete de Comunicação e Imagem há 10 anos.
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