terça-feira, 24 de março de 2009

Todos os caminhos vão dar a Bolonha (por Carla Maia de Almeida)

Catálogos, folhetos, brochuras, posters, postais, cartões de visita e tudo o mais que caiba na bagagem foi bem-vindo no primeiro dia da feira do Livro Infantil de Bolonha, que se prolongará até à próxima quinta-feira, 26 de Março. Tudo, excepto livros, já que este é um evento destinado, fundamentalmente, à compra e venda de direitos, sendo apenas possível folhear as obras e tomar nota dos títulos, para mais tarde comprar nas livrarias ou via Internet.

A Coreia do Sul é o país em destaque nesta 46.ª edição, que conta com a presença de 66 países. Portugal faz-se representar pela Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas, em cujo pavilhão figura uma selecção de livros publicados sobretudo no ano passado. Além de editores, ilustradores, escritores e directores de arte que se deslocaram individualmente a Bolonha, existe apenas um pavilhão português, que reúne a Verbo, a Porto Editora e a Editorial Presença.

O primeiro dia ficou marcado pela abertura da exposição de Roberto Innocenti, vencedor da edição de 2008 do Prémio Hans Christian Andersen de Ilustração e autor da imagem de capa do catálogo de ilustradores deste ano. Anthony Browne, outro nome forte, também já contemplado com o Prémio Andersen, foi um dos participantes do encontro «Metaphors of Childhood», onde vários autores procuraram explicar conceitos de transfiguração da infância presentes nos seus livros. Inevitavelmente, o autor de O Meu Pai falou dos gorilas que surgem de forma recorrente, essas criaturas «fortes e gentis», que representam também a imagem do seu próprio pai, desaparecido quando tinha 17 anos. O público presente no auditório do Illustrators Cafe estava desconfortável q.b., devido às condições de dureza do terreno, mas teria continuado a ouvir com gosto Anthony Browne. Infelizmente, não houve tempo para perguntas.