quinta-feira, 12 de março de 2009

Gonçalo Bulhosa - perfil por Jaime Bulhosa

A propósito da confusão da data de publicação da obra de Margarida Rebela Pinto, "Sei lá", (1998 e não 1999), Jaime Bulhosa traça um perfil do seu irmão Gonçalo Bulhosa, co-fundador da Oficina do Livro e responsável pelo projecto Palavra:

«Gonçalo Bulhosa, co-fundador da editora Oficina do Livro, trouxe para o mercado editorial português uma nova forma de trabalhar o livro, vindo mesmo a tornar-se num case study. Muito por causa da sua longa experiência como livreiro, Gonçalo Bulhosa percebeu, primeiro do que ninguém em Portugal, que havia uma grande fatia de leitores que não estava a ser levada em conta pelos editores. Juntando a isto um espírito inventivo, que lhe é característico, o excelente desempenho nas relações públicas e uma perspicácia inata para o marketing, Gonçalo Bulhosa inovou. Inovou quando percebeu que seria um sucesso pôr uma figura pública a escrever; ou melhor, inovou quando percebeu que podia transformar um escritor numa figura pública. Inovou quando percebeu que a capa de um livro é um dos factores principais da compra por impulso, o que o levou a fazê-las de cores garridas, executadas por jovens designers desconhecidos na altura. Inovou quando entendeu que ganhar visibilidade no espaço comercial era vital para as vendas de um livro e começou a comprar esse espaço. Inovou a forma de comunicar o livro, quando, por exemplo, colocou outdoors de livros pela cidade ou aviões com faixas a passar nas praias do Algarve. Inovou, inovou, inovou.

Até poderá ficar apenas conhecido como o editor da literatura light, mas, só a título de curiosidade, ao mesmo tempo que editava Margarida Rebelo Pinto na Difel, editava também Junot Diaz, Prémio Pulitzer para a Ficção 2008. Foi editor de muitos outros nomes portugueses conhecidos, que nem sempre lhe fazem a devida referência.»