«... a Campo das Letras arriscou publicar os meus livros quando não interessavam a mais ninguém, tratou-me com cordialidade e amizade e será sempre, de algum modo, a minha editora (como é ainda a minha escola cada uma das escolas que frequentei). Lamento a falência, portanto, como se (mais) uma parte de mim tivesse fracassado. Mas não posso, neste meu novo papel de "credor da massa falida", deixar de sentir que, por muito intelectual e emproada que possa parecer esta estúpida actividade de escrever livros, não passei, este tempo todo, de mais um dos que estão na base da pirâmide alimentar da literatura – um operariozinho dócil e pouco reinvidicativo, um murcão crédulo e, enfim, tudo aquilo que tenho sido na vida. Bem vistas as coisas, não há nenhum motivo para que pudesse ter sido diferente.»
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