O DN publica hoje uma peça que aborda a forma como foi aceite e trabalhado o original de MST por parte dos seus editores, Lobato Faria e Gonçalo Bulhosa (este último viria a abandonar o projecto Oficina do Livro, fundando posteriormente a extinta Palavra). Excertos (sublinhado nosso):
«António Lobato Faria é um dos dois editores por detrás do sucesso editorial do primeiro romance de Miguel Sousa Tavares. Imprimiu 30 mil exemplares para o lançamento, mas já reimprimiu essa quantidade doze vezes e confia que chegará a meio milhão.
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Enquanto ouviam Miguel Sousa Tavares contar o argumento do livro que pensava escrever, os editores António Lobato Faria e Gonçalo Bulhosa tiveram imediatamente a certeza de que estavam com o maior best-seller que a Oficina do Livro iria publicar.
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A partir desse momento, conta o editor António Lobato Faria, com o que "já sabíamos do mercado editorial e do protagonismo na sociedade portuguesa do autor era fácil prever o efeito que iria criar uma história destas no leitor". Acrescenta: "Não tínhamos a noção de quantas páginas iria fazer, mas como éramos fãs incondicionais da sua escrita estávamos certos de que seria capaz de fazer um grande livro."
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O modo como os dois editores acompanharam o processo de criação de Miguel Sousa Tavares é um pouco incomum na actividade editorial portuguesa, pois fizeram-no desde o princípio. Contada a história, diz António Lobato Faria, o próprio autor foi interagindo com os editores e, após um período de poucos meses em que não pegou no manuscrito, isolou-se e deu início à escrita: "O sucesso da colectânea de textos do David Crockett deu-lhe muita confiança." Considera, no entanto, que "mais tarde ou mais cedo iria fazer um romance porque é um contador de histórias e esta já germinava há dez anos. Vê-se que o livro tem muita memória, existem cheiros e ambientes próprios de quem conhecia bem o cenário de S. Tomé."
O editor confessa que a boa colaboração com Miguel Sousa Tavares decorreu por mérito do próprio porque "os editores deram o contributo que queria. Teve a segurança e a abertura para rapidamente interagir connosco, mas nunca nos imiscuímos no seu trabalho. Se solicitava uma opinião - e isso é raro nos autores nacionais, que preferem a solidão criativa - nós dávamos-lha".
Miguel Sousa Tavares escreveu um primeiro bloco de texto e deu-o a ler aos editores, interrompendo a reclusão que exigiu a si próprio com a suspensão de todas as colaborações que mantinha na imprensa e, explica, "de tempos em tempos íamos almoçar e conversar. A nossa reacção era de muito cuidado e principalmente pretendíamos motivá-lo. Fazíamos um ou outro reparo sobre um excesso de descrição ou de uma personagem menos bem desenhada e pouco mais porque o Equador era um livro muito forte e com vários episódios interessantes no decorrer do livro".
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"O Miguel não começou a escrever aqui, é o culminar de uma carreira que seria impossível sem a sua bagagem. Tem boa capacidade de comunicação e explodiu numa altura em que a sociedade queria que se contassem histórias nos livros em vez de exercícios de escrita inócuos."Quanto à missão do editor, Lobato Faria define que hoje "se confunde com a do marketeer. É alguém que tem a obrigação de fazer o livro chegar ao maior número de pessoas e deixar-se de preconceitos em relação à obra literária. Não pode pensar que se evitaria o Equador só porque era muito grosso".»
Aqui, outra peça do DN que analisa
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
O editor que está por trás do sucesso de 'Equador'
Postado por Booktailors - Consultores Editoriais às 14:47
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