sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Joana Varela afastada da Colóquio Letras

Joana Varela, na Colóquio Letras (Fundação Calouste Gulbenkian) desde 1988, foi ontem notificada do seu afastamento daquela publicação. Eduardo Pitta, num post intitulado "ISTO NÃO PODE ESTAR A ACONTECER " explica tudo no seu blog:

«Joana Morais Varela foi ontem notificada, com efeitos imediatos, de que deixa de dirigir a Colóquio/Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian. Os leitores da revista sabem que a Joana está lá desde 1988, tendo sido sucessivamente assistente da direcção, directora-adjunta e, desde o n.º 142 (1996), directora. Foi ela que transformou uma revista cinzenta num objecto de prazer. Sei bem do que falo porque escrevi na revista entre 1980 e 2005 (comecei no n.º 54, quando era seu director Jacinto do Prado Coelho), ali tendo publicado poesia, ensaio e crítica, revelando autores novos que de outro modo só muito mais tarde acederiam a uma publicação com aquele perfil. Porém, Eduardo Marçal Grilo, o administrador responsável, terá em vista outro modelo, contando com a sua (dela) presença num Conselho Editorial a haver. Isto, que é objectivamente uma despromoção, não foi aceite. Posta perante o facto consumado, a Joana pôs a circular um comunicado, que distribuiu em mão pelos serviços da Fundação:

«Depois de 25 anos a trabalhar na Fundação Gulbenkian, primeiro como membro do Conselho de Leitura do extinto Serviço de Bibliotecas Fixas e Itinerantes (1983-1988), depois na revista Colóquio/Letras de que sou até hoje directora, fui convidada ontem a mais uma despromoção pelo administrador Marçal Grilo, [...] antigo ministro da Educação [...] a pertencer a um futuro Conselho Editorial de uma futura revista da Fundação, a dirigir certamente por alguém mais do seu agrado e menos incómodo. [...] Não aceitei a “oferta” do ex-ministro da educação e fui convidada a sair do seu gabinete, depois de ser ameaçada com um processo disciplinar.»

Parece que a ameaça se concretizou ao princípio da noite, com a sugestão implícita de despedimento com justa causa. Motivo? Injúrias. A Joana tem uma personalidade forte, é verdade que tem, mas não estou a vê-la a insultar ninguém. Custa a acreditar que se chegue a este ponto. Depois do encerramento da Colóquio/Artes e do Ballet Gulbenkian, o desaparecimento da Colóquio/Letras é uma notícia difícil de qualificar. E o que está a acontecer com a Joana não podia estar a acontecer. »

No post seguinte, colocamos algumas passagens da notificação de processo disciplinar, assinada pelos administradores Isabel Mota e Eduardo Marçal Grilo, que Eduardo Pitta revela igualmente no seu blog.