quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Roger Chartier em entrevista

Roger Chartier quase que dispensa apresentações. Professor no Collège de France, é um dos mais eminentes estudiosos das questões culturais na era da globalização, tendo-se vindo a debruçar particularmente sobre os novos paradigmas do livro. Autor de obras de referência para qualquer editor ou bibliófilo ‒ das publicadas entre nós, veja-se A Ordem dos Livros (Vega, 1997) ou A Utilização do Objecto Impresso (Difel, 1998) ‒, em entrevista ao sítio La Vie des Idées, vem agora falar-nos do futuro da indústria editorial e do papel dos novos suportes editoriais. Estarão as editoras à altura dos novos desafios?

La Vie des Idées: Gostaria que abordasse as actuais transformações do objecto livro, fruto da influência das tecnologias ligadas à Internet (e-book, print on demand, etc.). Poderia salientar algumas das transformações sofridas pelo livro desde a invenção do codex?
Roger Chartier: […] Antes, existia uma diferenciação imediatamente perceptível entre a enciclopédia, o livro, o jornal, a revista, o panfleto, a carta, etc., que poderíamos materialmente ler, ver, manejar, e que correspondiam a registos discursivos que se inseriam num contexto de pluralidade de suportes. Ora, hoje, o único suporte é o computador, que condensa todas as modalidades discursivas, quaisquer que sejam, e que torna absolutamente imediata a continuidade entre as leituras e a escrita. Poderíamos então referir algumas reflexões contemporâneas, mas regressaríamos sempre à tal dualidade de que frequentemente nos esquecemos. O problema do livro electrónico é um dado adquirido, implicando uma rematerialização de toda uma ordem de objectos, desde o e-book ao computador portátil, que são objectos únicos para todos os tipos de textos. Posto isto, tais relações irão estabelecer-se em termos totalmente novos. […]

Veja aqui a entrevista integral.