quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Artigo Texturas - parte 4

(ler parte 3)

E o mercado da língua portuguesa? E o Brasil?
O mercado potencial de que antes se falava tem sido, nestas últimas décadas, uma ilusão. Apesar de o português ser a 7ª língua mais falada do mundo, a relação de Portugal com o mercado brasileiro viu-se quebrada em meados do século XX, aquando dos tempos da ditadura.
Nunca tendo havido uma verdadeira estratégia de reatamento comercial dessa ligação, vários contratempos levaram a que as editoras portuguesas nunca mantivessem uma presença forte no mercado brasileiro − em especial após a crise brasileira de Collor de Mello, de finais da década de 1980, que trouxe grandes dificuldades às editoras portuguesas no território.
Actualmente, cada mercado funciona separadamente, os dispositivos legais não incentivam as trocas comerciais e as diferenças ortográficas ainda são vistas como um problema.
Mesmo em termos do reconhecimento de autores e conteúdos existe, desde 1950, uma forte ignorância em relação aos autores que foram surgindo de ambos os lados do Atlântico.

Quanto ao mercado africano, nunca foi considerado pelos editores portugueses como um mercado real, excepto para livros escolares, onde durante alguns anos as principais editoras escolares exportavam com grande vantagem quantidades elevadas de livros. Sendo actualmente um mercado mais competitivo, em especial após a entrada dos grandes grupos educacionais anglo-saxónicos que operam a partir de outros destinos próximos, como a África do Sul.

O processo de concentração editorial actual surgiu, assim, tendo por base o mercado escolar – onde foram adquiridas quase todas as editoras escolares com alguma quota no mercado, excepto a líder (Porto Editora) −, tendo-se posteriormente centrado na aquisição de editoras com autores portugueses de relevo, de modo a condensar estruturas e aproveitar os efeitos de escala, o que parece associado à estratégia subjacente de desenvolver e explorar os autores lusófonos nos mercados nacional, lusófono e internacional.
Para isso, foi anunciada a intenção de adquirir editoras brasileiras, detentoras de fortes autores desse país, que aumentarão o portefólio do recente grupo LeYa.

(a continuar)