Cenário diferente ocorreu no retalho, onde a entrada dos hipermercados e da FNAC levou, por exemplo, a que o grupo Bertrand reagisse e implementasse políticas de crescimento.
Alguns outros projectos livreiros seguiram-lhe os passos – como a rede Bulhosa e, mais tarde a Almedina –, todos eles aproveitando o surgimento de novos públicos com motivações e exigências diferentes.
O mercado crescia, assim, à conta desta nova realidade, com um retalho que ia crescendo e fornecendo canais de acesso a esses produtos, incentivando as editoras à publicação dessas mesmas obras.
O restante retalho, salvo raras excepções e não aproveitando as vantagens da Lei do preço fixo do livro, não soube aproveitar essa oportunidade para segmentar e foi definhando, tentando ir atrás das estratégias dos seus rivais mais capazes.
O mercado tornou-se, assim, concentrado no acesso a conteúdos diversificados, levando a que a publicação de livros de nicho não seja uma alternativa economicamente muito viável.
No mercado mainstream, de obras de marcada rotatividade, assistiu-se a uma espiral de investimento no produto e na distribuição − com o extraordinário desenvolvimento de grafismos e capas, com uma elevada actualidade dos conteúdos, com a importação dos melhores títulos ao preço que fosse necessário − assim como à hierarquização dos pontos de venda, agora sujeita a regras de rotatividade, e consequente sobrevalorização dos espaços de comercialização e de comunicação no ponto de venda (facing, topos, ilhas, destaques, etc.).
O resultado final foi a elevada concentração do retalho em três ou quatro grandes grupos com elevado poder negocial, face a um cenário editorial marcado pela elevadíssima atomização.
Os editores, pequenos e sem argumentos ou estratégias de diversificação possíveis, começaram a perder nas negociações o acesso ao ponto de venda principal, agravando as dificuldades financeiras de um tecido empresarial que nunca conseguiu alterar de forma significativa a sua estrutura financeira e empresarial.
(a continuar)
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Artigo Texturas - Parte 3/5
Postado por Booktailors - Consultores Editoriais às 09:30
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