segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Porto Editora renuncia à publicação de A Jóia de Medina

A Porto Editora emitiu um comunicado, no qual justifica a razão pela qual considera que a obra «A Jóia de Medina», de Sherry Jones, não tem qualidade suficiente para ser publicada.

«Porto, 15 de Setembro de 2008 – A Porto Editora recusou editar em Portugal a polémica obra de Sherry Jones A Jóia de Medina.

A decisão foi tomada com base no parecer extremamente desfavorável redigido por um dos consultores editoriais da Porto Editora, a quem foi pedido a análise do original por Manuel Alberto Valente.

Um romance “vulgar, pobremente escrito e pouco convincente nas suas personagens e enredo” são algumas das mais relevantes considerações registadas naquele parecer que levaram o director da Divisão Editorial Literária de Lisboa (DEL-L), da Porto Editora, a renunciar a publicação de A Jóia de Medina.

Para Manuel Alberto Valente, esta é uma “decisão de particular relevância, pois tínhamos a possibilidade de lançar um livro com um enorme potencial comercial. Acabou por pesar o critério fundamental, o da qualidade literária”. O responsável pela DEL-L afirma que a polémica provocada com a desistência da Random House em publicar o livro nos Estados Unidos não teve qualquer influência na decisão: “a Administração da Porto Editora assegurou-me, desde o início do processo, o apoio imprescindível para uma decisão livre, sem quaisquer receios e de acordo com os critérios definidos. Se a decisão fosse a de editar o livro, não haveria quaisquer hesitações”. Há duas semanas, Ana Barros, editora da DEL-L, tinha assegurado ao Ípsilon que “se decidirmos que o livro vale a pena publicar porque é interessante não vamos pensar nas consequências políticas".

Para conhecimento, um excerto do parecer de leitura:

I would not publish this.
I look at it from two points of view:
First, as a novel, it is trite, poorly written and unconvincing in its characters and its plot. It reads like a poorly researched item in the popular press, or a story in a low-quality women’s magazine.

Second, as a piece of religious provocation, it has the potential to cause outrage – not because it is particularly offensive concerning Mohammed or Islam, but because it appears to be so inaccurate historically, that it seems to deliberately trivialise the Prophet and the religion. Unlike Satanic Verses, which has a base in serious literary philosophy, this reduces Mohammed’s life and work, through this banal story about one of his wives, to the level of schoolgirl fiction. I have to imagine that Ms Jones has done this consciously. At best, it is in poor taste; at worst, offensive.»