A Portugália é uma marca com bastante história na edição portuguesa do Séc. XX.
Casa de autores, pensadores e editores de relevo, como Raul Dias, José Régio, Jacinto do Prado Coelho, Jorge de Sena, José da Cruz Santos, J.J. Soares da Costa ou Augusto da Costa Dias.
Há cerca de um mês atrás a Fundação Agostinho Fernandes (Fundação em honra do antigo patrão de indústrias e financiador da Portugália a partir de 1942) anunciou que iria retomar as publicações da Portugália Editora, associando-as às edições Sá da Costa (livraria e editora, Portugal e Brasil) e a livraria Buchholz, já na sua posse.
José Ribeiro, director editorial da Portugália, afirmou então à LUSA: «Este é mesmo um modelo contra a corrente: não é um grupo editorial grande - são três marcas editoriais, incluindo a Portugália Brasil, e duas livrarias - mas o capital simbólico acumulado, a história, é uma garantia de qualidade e de sucesso». Associando o seu projecto na mesma linha do projecto de Paulo Teixeira Pinto, com a Guimarães/ Ática.
Mas, com uma expectativa de publicação de mais de 20 livros por mês (e segundo os títulos para já apresentados), detecta-se uma intenção de publicação quantitativa, genérica e transversal, e não um projecto de especialidade ou de posicionamento de alta qualidade - tal como seria expectável, dentro de uma filosofia de Fundação e detendo marcas de capital histórico importante.
Observando a linha de publicações, temos, por um lado, uma série de apostas de nicho, de áreas de publicação bastante publicadas em Portugal mas com baixos históricos de vendas mas, por outro lado, apostas claramente de objectivo comercial e de aproveitamento das tendências de publicação actuais, como um livro do norte-americano Jorge Ramos, cuja apresentação foi feita tendo em conta que vendeu mais do que O Segredo, nos EUA.
Um projecto com alguns propósitos comerciais, que retoma alguns nomes clássicos da história editorial nacional, e pretende ter uma presença forte nos canais de venda, concorrendo no mainstream.
Louvando o projecto, fica a questão: Porquê uma Fundação?
O que se torna óbvio são as obras que pretendem fazer na Livraria Sá da Costa que, por ora, ainda não começaram mas já estão em liquidação para venda de fundos: uma excelente oportunidade para encontrar algumas preciosidades a preços muito convidativos.
Esperemos que esta seja uma oportunidade para retomar alguns dos fundos extraordinários que a Sá da Costa e a Portugália têm.