sexta-feira, 4 de julho de 2008

Paulo Teixeira Pinto na Os Meus Livros

«Nós queremos restaurar o prestígio de alguns autores um pouco esquecidos, como o Ferreira de Castro ou o Oliveira Martins, mas também queremos ser uma porta de entrada para os jovens talentos. Vamos editar ainda este ano um livro da jovem autora Filipa Martins, que ganhou o Prémio Revelação da Associação Portuguesa de Escritores, no ano passado. Vai sair quase ao mesmo tempo do livro da Agustina, para mostrar que as duas coisas andam a par.»

«...há quem esteja nisto pelo mercado e quem esteja pelos livros. São coisas diferentes. Pelo mercado, tudo se tratará de acordo com a racionalidade das operações de mercado, e como é suposto geral valor, será feito o que for necessário para gerar valor. A certa altura a aglutinação pode conduzir à homogeneidade. A homogeneidade é o contrário da diversidade, que era a razão de ser de cada uma das destas editoras existirem. Também é suposto que possam manter a sua própria identidade: o seu próprio catálogo, os seus próprios critérios. (...)
Uma homogeneização pode implicar também um certo mimetismo entre os diversos projectos e a uma certa altura as marcas já não são mais nada do que marcas, e não correspondem a projectos editoriais distintos, que era a mais-valia de cada um. Pela nossa parte, pensamos que pode ser uma oportunidade para todos os outros independentes afirmarem o seu contraste perante essa realidade.»

«Encontrámos a Guimarães inscrita na UEP, como prova (...)[de] boa vontade inscrevemo-nos também na APEL, estamos inscritos nas duas associações, mas se houver razões de beligerância que tenham a ver com outros interesses que não os editoriais podemos sair das duas.»

«Levanto-me muito cedo mas tenho sempre mais coisas para ler que são obrigatórias do que aquelas que o são por opção. Não leio os manuscritos dos livros que mandam para a editora, apenas excepcionalmente. Quem os vai ler é o director editorial. Procuro ter um critério na vida: tentar que as coisas urgentes não passem à frente das importantes. Ler é uma das importantes. Mas, muitas vezes, as coisas urgentes passam mesmo à frente.»


Excertos da entrevista a Paulo Teixeira Pinto, conduzida por João Morales, e que pode ser encontrada nas páginas 52 a 55 da edição de Julho da Os Meus Livros.