«Quando cheguei, em Fevereiro, fiz uma série de contactos no sentido de encontrar patrocínios rápidos, e consegui fazer um protocolo com o grupo Leya, o grupo editorial que me edita, nos seguintes e claríssimos termos: a Leya apoia qualquer actividade que a Casa Fernando Pessoa lhe proponha, até um determinado montante. Significa isto que enviamos para a Leya as facturas desses eventos – é importante realçar este aspecto para que se entenda que a verba concedida pela Leya não chega às minhas mãos, nem às de qualquer outra pessoa na Casa. Tive outras e mais chorudas propostas, mas de entidades que pretendiam indexar a imagem de Pessoa e os conteúdos da Casa às suas marcas e aos seus interesses –e isso nunca permitirei. Assim, pudemos organizar a primeira edição do festival «Letras em Lisboa», em parceria com o Forum das Letras de Ouro Preto (Brasil), pudemos criar e montar, em tempo recorde, a exposição «Os Lugares de Pessoa» (patente até Setembro), pudemos encenar a belíssima «Carta da Corcunda ao Serralheiro», do único semi-heterónimo feminino de Pessoa, Maria José, com interpretação de Ângela Pinto (que estará em cena nos próximos dias 18, 19 e 20), e pudemos fazer a série de programas «Pessoa, Pessoas», que a RTP está a emitir diariamente, durante todo este mês. Mas este apoio está a acabar, e precisamos urgentemente de outros. Estou a trabalhar para isso. Aproveito para deixar o apelo às empresas portuguesas, ou a mecenas individuais. A Direcção Municipal de Cultura, de que a Casa depende, conseguiu ampliar o nosso orçamento inicial de 15 mil para 35 mil euros anuais – mas, como se sabe, a Câmara enfrenta neste momento problemas muito concretos de falta de liquidez. »
Inês Pedrosa ao jornal O Figueirense.