quarta-feira, 9 de julho de 2008

A DELL da Porto Editora

A Sara fez um belíssimo resumo de muito do que foi dito ontem na apresentação da DELL, da Porto Editora. Poupando-nos caracteres e labor, com a devida vénia, transcrevemos o texto:

A Porto Editora apresentou hoje à imprensa a sua nova divisão editorial, chamada Divisão Editorial Literária de Lisboa (DELL), que será da responsabilidade de Manuel Alberto Valente.

Em quase três décadas de trabalho editorial, Manuel Alberto Valente passou pela Dom Quixote (entre 1981 e 1991) e pelas Edições Asa, onde construiu um catálogo sólido e coerente, até estas terem sido compradas pelo grupo Leya e o editor ter decidido sair. Livre de compromissos, Manuel Alberto Valente anunciou há alguns meses (em entrevista ao Público) que estava determinado a prosseguir o seu labor editorial e que poderia fazê-lo a título individual, como aconteceu com outros editores que saíram das grandes casas editoriais, ou inserido num projecto mais amplo, desde que lhe fossem dadas condições de autonomia. A Porto Editora viu nestas declarações uma oportunidade imperdível e passou a contar com um dos editores de referência deste país na sua casa.

Pelo que foi dito na apresentação da DELL, o editor terá toda a autonomia para construir o seu catálogo, bem como as condições necessárias para o fazer prosseguir. E outra atitude não seria de esperar: quem conta com Manuel Alberto Valente como editor, sabe que não precisa de preocupar-se com os resultados do seu trabalho.Não tenho quota no mercado, nem gosto de todos os livros que Manuel Alberto Valente já editou. Mas é fácil, olhando para as últimas décadas da edição portuguesa, ver que o seu trabalho foi sempre feito no rigoroso equilíbrio entre a qualidade, a inovação e a estratégia de mercado, e tudo indica que essa postura vai ter continuidade na nova divisão da Porto Editora.

A partir de Setembro, os primeiros livros começarão a chegar às livrarias. A Lâmpada de Aladino, de Luis Sepúlveda (um livro de contos), As Esquinas do Tempo, de Rosa Lobato Faria (romance), Feminino Singular, de Sveva Casati Modignani (romance), Instruções Para Salvar o Mundo, de Rosa Montero (romance), O Priorado de Cifrão, de João Aguiar (uma paródia em torno de O Código Da Vinci, cujas primeiras linhas prometem...) e O Silêncio dos Outros, de Lydya Gouardo (testemunho, inserido na nova chancela que integrará a DELL, a Pelicano). Anunciou-se também o futuro romance de Artur Pérez-Reverte. Muitos nomes da Asa? Certamente. E Manuel Alberto Valente comentou o facto ainda antes de algum jornalista perguntar, dizendo que o trabalho editorial resulta muitas vezes em sólidas relações entre autor e editor, não sendo de admirar que o autor queira acompanhar o seu editor independentemente da chancela onde este trabalha. Faz sentido. Sobretudo quando o editor faz o seu trabalho a sério, não se limitando a escolher livros e a gerir o deve e o haver da casa.

Dos títulos apresentados, poucos me causam entusiasmo pessoal, e não quero deixar de dizê-lo. Mas olhando para eles, e ouvindo o editor falar das perspectivas futuras, é fácil perceber que da DELL virá a nascer um grande catálogo, sólido a vários níveis (o do mercado, claro, não há como fugir dele querendo ter uma editora grande e lucrativa, mas também o da qualidade e o da actualidade literária nacional e internacional) e capaz de se afirmar por entre a torrente que todos os dias inunda as livrarias. A partir de Setembro, cá estaremos para o começar a confirmar.»