Nélson de Matos foi consultado por Sara Belo Luís para participar no artigo publicado ontem na VISÃO, dedicado ao mercado do livro.
1. Como ser editor independente num mercado concentrado, de grandes grupos editoriais?
Não é fácil, de facto. O mundo não está feito para os independentes... só para os dependentes...Os riscos do trabalho nestas circunstâncias de isolamento e independência são maiores do que parecem. Um manhã acordamos e já nos compraram tudo em volta, podemos ficar cercados... como aconteceu com alguns editores e autores ultimamente... de súbito já não estavam no mesmo sítio que no dia anterior... é a precariedade total, como agora se diz relativamente aos restantes trabalhadores... O mundo está a ser transformado nisso, na precariedade total... só a propriedade do capital se mantém estável... desculpe-me a linguagem.
2. Que "nicho" de mercado pretendem as Edições Nelson de Matos ocupar?
O da Literatura de qualidade (nos termos mais amplos), a ficção, a poesia, os autores clássicos e contemporâneos, os novos, os modernos e os clássicos. A Literatura, enfim. A História moderna e contemporânea, os textos de intervenção, algumas biografias. Perdoe-me não estar para aqui a falar disso em voz alta.
3. Qual é a viabilidade económica de uma editora independente? É possível ganhar dinheiro, indo além do hobby, do prazer de editar?
Sim, é possível sustentar esta opção com tranquilidade, se se for suficientemente maduro para se ser capaz de a gerir cuidadosamente. No projecto em que estou envolvido, a questão mais interessante coloca-se ao nível do controlo sobre o crescimento.