É ainda cedo para vaticinar seja o que for em relação à estratégia subjacente à aquisição das editoras por parte do grupo LeYa.
Para muitos é a simples mecânica de juntar tudo e emagrecer, mantendo a facturação e os recursos essenciais e reduzir a estrutura, aumentando exponencialmente a eficiência.
Mas uma empresa, em especial com esta dimensão, também tem de crescer. E muito.
Até agora, e observando do ponto de vista da cadeia de valor, via-se que a estratégia passava pela concentração das principais fontes, nomeadamente dos autores portugueses, de modo a se posicionarem como a editora da língua portuguesa (no seio da CPLP e, posteriormente, ganhando quotas lá fora).
Agora, e como a estratégia de aquisição de plataformas editoriais no Brasil está, aparentemente, a não dar os frutos esperados (nomeadamente se observarmos o descontentamente dos autores LeYa e a necessidades de lhes oferecer mais «mercado» e expectativas, que obrigava a terem já divulgado aquisições no Brasil) a LeYa começa a pensar que terá de ter os pés bem assentes em Portugal.
Foi então que surgiu o problema.
Controlar as fontes e não controlar o restante circuito é complicado... a junção das estruturas comerciais está a revelar-se confusa e, para piorar as coisas, não controlam o ponto de venda, nem conseguem ter a capacidade de forçar as redes livreiras a dar-lhes o espaço de que necessitam.
Face a isto, e na nossa visão, o Grupo LeYa iniciou uma 2.ª estratégia de compra em Portugal que visa o estabelecimento de circuitos próprios.
A compra da parte da Explorer Investments dá-lhes acesso a uma máquina comercial mais forte e à rede de livrarias Casa das Letras (Ex-Notícias).
Mas isso não chega.
Resta-nos esperar para ver qual a rede que quererão comprar a seguir, para começarem a rivalizar com a rede Bertrand. Civilização/Bulhosa? Ou Almedina?
E os grupos restantes (sem contar com a Bertelsmann que já está servida) como irão reagir para não perderem o acesso ao ponto que ainda existe?
(nsl)