O público encontra-se divorciado da crítica literária. E eu não sei se isso acontece pelo pouco espaço que os jornais têm vindo a dedicar a este género de peças (desabituando os leitores da sua leitura), ou se é, simplesmente, porque existe um défice de reconhecimento dos leitores com os autores das peças.
Uma leitura menos atenta de um qualquer jornal deixa antever que esta última tese não é exclusiva dos livros. Veja-se este excerto, cuja tema nada tem que ver com livros: «A voz de Elisabete Matos corresponde à categoria de soprano lírico "spinto". O timbre é mais escuro e penetrante do que o soprano lírico puro, mas não chega a ter o peso do soprano dramático». (página 38 do Ipsílon, 16.05.2008, dedicado à encenação de Tosca no São Carlos).
Fica uma pergunta. O Ípsilon é um suplemento com um perfil de leitor específico. Mas está integrado numa estrutura mais lata (o jornal Público), que pretende atingir um público mais alargado. Assim... não deverá toda a linguagem e forma de comunicação ser de tal modo abrangente que todos os leitores consigam perceber o que lá está escrito?
(pf)