sexta-feira, 4 de abril de 2008

Comunicado de Imprensa da APEL

Estudo revela inutilidade do Acordo Ortográfico

Se o Acordo não serve, a quem serve o Acordo?


Esta é a pergunta fundamental que se coloca após analisar-se o estudo comparativo, promovido pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros – APEL, sobre uma eventual aplicação do Acordo Ortográfico em Portugal.
O estudo assenta numa análise comparativa das versões portuguesa e brasileira de determinadas obras, através de amostras aleatórias, à luz do Acordo Ortográfico. Os livros escolhidos são sucessos de vendas nas respectivas áreas, a saber:

• Freakonomics, de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, editado em Portugal pela Editorial Presença e no Brasil pela Editora Campus;

• Diário de um Mago, de Paulo Coelho, editado em Portugal pela Editora Pergaminho e no Brasil pela Planeta;


• Harry Potter e os Talismãs da Morte, de J. K. Rowling, editado em Portugal pela Editorial
Presença e no Brasil pela Editora Rocco (com o título Harry Potter e as Relíquias da Morte).


Identificadas as alterações em Portugal e no Brasil, os aspectos facultativos e os casos de dupla grafia, torna-se gritante a manutenção das diferenças frásicas e vocabulares e ordem dos elementos entre as variantes do Português de Portugal e do Brasil, situações estas a que o Acordo Ortográfico não responde.

Através deste estudo percebe-se que muito pouco vai mudar, o que deita por terra aquele que tem sido o principal argumento apontado na defesa do Acordo Ortográfico: ao contrário do que é dito pelos seus defensores, não se afigura a aproximação das diversas variantes do Português, mas sim a consagração das diferenças naquilo que é fundamental – a sintaxe, a semântica e o vocabulário – com clara vantagem para a variante do Brasil.

De caminho, outro objectivo será defraudado: o de “globalizar” a Língua Portuguesa. Pelo menos, a que nós conhecemos, pois não haja quaisquer dúvidas que as instituições internacionais, a partir do momento em que Portugal ceder às intenções do Brasil, não hesitarão em ter como referência o Português daquele país.


Assim, com base neste estudo que agora se torna público, a APEL convida todos os agentes políticos, culturais e educativos a reflectirem com profundidade sobre este assunto. Ainda não é tarde demais para se evitar uma catástrofe, pois, certamente, o Acordo Ortográfico não serve a Portugal.


A DIRECÇÃO DA APEL