Vale a pena ler este artigo de Daniel Oliveira que, aproveitando o 18º aniversário do jornal Público, traça um interessante perfil do periódico.
No que ao (meu) jornal diz respeito, há uma pergunta inquietante que me tem martelado a cabeça: porque raio foram acabar com o suplemento Digital? Que se terá passado na redacção do Público para tal decisão? Pretenderá o Público ser apenas um jornal de preferência e não de referência?
Se o que o Público pretendia era um argumento para que se comprasse apenas o Expresso ao sábado, bastava dizê-lo. Quem me conhece, sabe que sou leitor Público. Que gosto do Público, que o defendo até onde é humanamente possível, revestindo muitas vezes os meus argumentos de uma irracionalidade que mais tarde me envergonha. Defender o jornal, nos últimos tempos, é aliás um dos desportos que mais tempo me tem ocupado. Defendo o jornal. Defendo, defendo, defendo. Mas assim fica muito difícil.
É verdade que continuarei a ler o jornal. Não é menos verdade que continuarei a acumular a leitura do semanário da Edimpresa com o Público. Mas eu se fosse director do jornal, punha-me a pau... é que nem toda a gente está para aturar faltas de respeito. A única coisa verdadeiramente boa que a reformulação de há um ano trouxe (o suplemento Digital), morreu na semana passada.
Um suplemento como o Digital,
- que contava com bons cronistas;
- que primava pela relativa actualidade, em função da realidade do nosso país;
- que conseguiu aliar estilos e assuntos tão heterogéneos como hipertexto e jogos de consola (algo que não acontece no suplemento Y onde as abordagens à música não colam com as da literatura, o cinema com a música, e por aí fora);
- que semanalmente dava voz a novos projectos na blogosfera e na Internet em geral;
- que se esforçava por divulgar não só o avanço tecnológico como as reflexões e tendências do pensamento contemporâneo e como as novas tecnologias estão a afectar a nossa sociedade;
- que...
merecia outra sorte.
Prometem-nos agora um blogue. Que as temáticas do suplemento não deixarão de ser tratadas pelo jornal. E eu, fiel como um cão (ou idiota como um qualquer cão, nao sei), ficarei a aguardar. Não prometo que muito paciente, mas decerto esperançado.
Quem sabe se o novo blog não chega num qualquer sábado e eu, jornais distribuídos em cima da mesa, ao sabor da torrada e da meia de leite que acompanhava a leitura da Isabel Coutinho, poderei pensar que afinal eu estava errado e o Público, na sua infinita sabedoria, certo, pois tomou a decisão certa ao extinguir o melhor caderno que o jornal conheceu nos últimos tempos... (pronto e lá estou eu de novo a defender o jornal...)