A direcção do Expresso colocou ontem online um comunicado no qual apresenta a sua posição face a este caso. Para ler aqui. No mesmo espaço, o jornal disponibilizou ainda a crítica que esteve na origem da polémica. Deixamos aqui apenas o comunicado. O texto, esse, pode ser lido no link referido.
O Expresso disponibilizou ainda o parecer do Conselho de Redacção do Jornal, que pode ser encontrado aqui e abaixo.
Comunicado da direcção do Expresso
«O director do Expresso e o, à data, editor do Actual consideraram que o texto da colaboradora do Expresso não tinha qualidade mínima para ser publicado. Para crítica faltava-lhe o respectivo enquadramento, por exemplo: Onde se passa a acção da obra? Quais as suas personagens? Qual o tempo histórico que abarca? Estes, são pontos comuns a qualquer crítica, seja ela jornalística ou académica, e que não podem ficar descurados sob pena de o texto ficar como a jornalista o deixou: um mero ataque pessoal ao autor, feito do alto de uma arrogância hostil e de um preconceito (veja-se a entrada do texto) que não se coadunam com as boas práticas do Expresso nem com a nossa conduta.
O editor sugeriu à autora que o texto fosse refeito, de forma a entrar em linha de conta com o respectivo enquadramento. Tal foi por ela recusado.
Face às acusações de censura - que Dóris Graça Dias terá de provar nos fóruns próprios, porque é uma acusação grave prevista e punida na lei - e perante a publicação desse texto noutros jornais (tendo o mesmo sido fornecido pela própria), decidimos nós também publicá-lo neste espaço. Para que se compreenda a nossa boa fé e para que se compreenda a má fé de quem nos acusa.
A reacção de Dóris Graça Dias já tinha motivado um pedido de parecer ao Conselho de Redacção, o qual emitiu um comunicado cujas conclusões também aqui divulgamos. »
Comunicado do Conselho de Redacção do Expresso - Conclusões
1. Os membros eleitos do CR entendem que é uma prerrogativa da hierarquia do Expresso (como de qualquer outro órgão de comunicação social) recusar a publicação de um texto que considere não reunir os requisitos mínimos, tais como falta de qualidade, falta de actualidade, inobservância de regras técnicas, abordagem manifestamente diferente da solicitada, existência de um tom persecutório, etc, etc,...
2. Tal faculdade, que pode ser exercida pelo Editor ou por um membro da Direcção, aplica-se aos géneros jornalísticos tradicionais, mas também a crónicas ou críticas.
3. A prerrogativa de recusar a publicação de um texto, se devidamente fundamentada, nunca poderá ser confundida ou comparada a um acto de censura.
4. No caso em apreço, o texto sobre o livro de Miguel Sousa Tavares tem muito pouco de crítica literária à obra. Com efeito, afigura-se-nos um libelo contra o autor e à sua pretensão de ser escritor. Para crítica literária, o artigo prima pela ausência de elementos literários. A autora esquece-se do livro e dedica a quase totalidade do artigo a criticar Miguel Sousa Tavares e o contexto em que foi lançada a obra.
5. A decisão do Director do Expresso foi fundamentada. Como tal, entendemos legítima a decisão de não publicar o referido texto. Por isso, qualquer acusação de censura ao Expresso e ao seu Director merece o repúdio dos membros eleitos do CR.
6. Nesta apreciação, não pesa minimamente o facto de Miguel Sousa Tavares (jornalista e comentador) ser colunista do Expresso. Esta circunstância não deve dar-lhe, enquanto escritor, qualquer vantagem no tratamento editorial e crítico que o Expresso faça de uma sua obra.
7. Sobre as acusações de censura, pela gravidade do juízo formulado, Dóris Graça Dias demonstra desconhecer a história do Expresso. Ao longo de 35 anos, nos momentos em que a questão se colocou, sempre o Expresso se bateu contra a censura ou quaisquer outros meios de limitação da liberdade de expressão e do pluralismo de opinião. Estes valores estão, aliás, bem plasmados no Estatuto Editorial.
8. O CR do Expresso estranha o tipo de iniciativa de Dóris Graça Dias, que se multiplicou em declarações públicas sobre o assunto. Lamenta que Dóris Graça Dias (crítica literária e jornalista com carteira profissional) nunca tenha tomado a iniciativa de fazer qualquer participação ao CR. E regista que Dóris Graça Dias publicou mais quatro trabalhos no Expresso desde a data da não aceitação da sua crítica sobre "Rio das Flores".
9. Face às notícias e às informações vindas a público, o CR entende que não pode ficar qualquer manto de suspeita sobre o Expresso. Assim, os membros eleitos recomendam à Direcção que publique o artigo em causa na edição "on line" do jornal. Esta decisão permitirá a cada um dos leitores do Expresso, num quadro de total transparência, formular a sua opinião sobre a decisão tomada.
Paço de Arcos, 4 de Fevereiro de 2008
Os membros eleitos do CR
Isabel Lopes
José Pedro Castanheira
Luísa Meireles
Paulo Paixão
Virgílio Azevedo
O CR do Expresso é composto pelo Director (que preside, por inerência) e por cinco jornalistas, eleitos pelo conjunto da redacção. Por motivos óbvios, o director não participou na discussão nem na tomada de posição.