segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Uma crise (meramente) literária [Pedro Rolo Duarte]

«Crise? Qual crise?

De uma vez por todas: foram vendidos 530 milhões de euros em livros no ano 2006; importaram-se 62 milhões de euros de livros no mesmo ano; editam-se em Portugal mais de 15 mil títulos por ano (41 livros por dia!); o break-even médio de um volume situa-se nos 2000 exemplares vendidos) (ou seja, é mais fácil editar um livro e não perder dinheiro do que ver o Benfica ganhar a liga num período de 10 anos...) [sic].

(...)

...entre os clubes com maior número de sócios encontra-se o Circulo de Leitores. Tem 300 mil quotizados que se obrigam a comprar pelo menos um livro por trimestre. O novo grupo editorial Leya, que reúne um vasto conjunto de editoras de todos os estilos, anunciou na semana passada a intenção de, em 2008, editar mil novos títulos e facturar 90 milhões de euros. O mesmo grupo anunciou que em 2007 facturou 20 milhões de euros exportando livros escolares para Angola e Moçambique.

(De passagem: as vendas brutas de “Rio das Flores” representam, ao fim de dois meses, um encaixe de 4,5 milhões de euros na Oficina do Livro; e as vendas de “Sétimo Selo”, de José Rodrigues dos Santos, foram responsáveis por mais de 2,6 milhões de euros de facturação na Gradiva...)

Os editores "chocam-se", porque lhes está na massa do sangue a queixa e a lamúria. Os livreiros queixam-se - mas conhecem algum comerciante que não faça outra coisa senão queixar-se e cuja frase chave não seja "este ano piorou muito...?"

(...)

...era altura de aceitar pacificamente que o mercado do livro em Portugal vive melhor do que a maioria dos seus familiares, nomeadamente a música ou o teatro. Vive o melhor possível. Neste momento cheio de vitalidade. E a nadar em oportunidades. Quem as tiver, chame-lhes suas.»

Um artigo de Pedro Rolo Duarte.

[Via Manuel Valente, n'A Origem das espécies]