sábado, 29 de dezembro de 2007

O factor humano

O factor humano, em especial o criativo, é sempre difícil de controlar em termos de gestão; a prova disso são as recentes declarações de António Lobo Antunes e Lídia Jorge, cujo papel no projecto Pais do Amaral (que segundo se fala já tem nome, e não será a Texto/Caminho referida no Expresso) é fundamental e representam em larga medida a razão de ser da compra da Dom Quixote.

Mais do que o papel que Pais do Amaral pretende dar aos autores portugueses (que presumimos ser bastante maior e melhor do que o actual), o que fica por resolver é a diferenciação entre autores. De facto, a parceria autor/editor sempre fundamentou muitas das escolhas de publicação, sendo que vários autores estavam intimamente ligados a determinados editores formando uma relação que, à semelhança de outras, não tolera competição.
Fica assim por resolver as hierarquias do catálogo, quem são as âncoras, qual a diferença de investimento de promoção de um e de outro autor, quem tem direito a mais ou menos avanços, avenças, royalties, destaque nas feiras internacionais, quem é proposto para prémios, etc.
Se aos portugueses associarmos a lusofonia, os critérios complicam-se: quem é mais importante, Rubem Fonseca, Agualusa ou Lídia Jorge?

Neste meio, as fontes são o mais importante e o mais difícil de gerir, pois é sempre complicado gerir factores humanos. Se, para alguns autores, o número das vendas não for tão importante, outras ópticas típicas de pequenos editores, como a orientação de produto e a dedicação em exclusividade, poderão ser vantagens adicionais para oferecer.