quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Byblos, por Eduardo Pitta

Eduardo Pitta, do muito recomendável Da Literatura, publicou há uns dias (14.12.2007) um texto sobre a Byblos. A fotografia que acompanha o post foi retirada igualmente da fonte.

Abriu hoje nas Amoreiras, em Lisboa, a Byblos. Apresentada como sendo a maior livraria portuguesa, reza a publicidade que dispõe de cerca de três mil e quinhentos metros quadrados de área disponível; um fundo editorial de perto de cento e cinquenta mil títulos; secções de revistas e jornais, CD e DVD; estantes robotizadas com software que permite a localização dos produtos por intermédio das etiquetas RFID; 54 ecrãs LCD distribuídos pelos dois pisos para divulgação de novidades, lançamentos, promoções e tops; mais 34 ecrãs tácteis para o cliente localizar com rapidez o que procura; caixas equipadas com sistema de radiofrequência, permitindo leitura óptica das etiquetas em pilha até 80cm; um auditório com 137 lugares; um gabinete de primeiros socorros; uma cafetaria e... uma área de videojogos! Além de, naturalmente, um sítio de compras online. Parece que tudo isto representa um investimento de quatro milhões de euros. Aparentemente, só não tem sex-shop, capela e SPA. Ontem à noite, durante a gala de inauguração — adiada mais de uma vez para coincidir com a agenda da ministra da Cultura —, ainda estavam inoperantes os ecrãs tácteis. E a secção de revistas e jornais também se mantinha fora de serviço. OK. Com tanto social, quem é que ia à procura do Le Monde ou da Vanity Fair...? A questão do site é que me faz muita confusão. Primeiro, a pesquisa simples não permite busca por autor, uma limitação extraordinária. Segundo, no momento em que escrevo, os “destaques” são livros que deixaram de ser novidade há muito tempo, o que seria compreensível num alfarrabista. E são quase todos da mesma casa editora. Não viria daí grande mal se fosse possível encontrar outros. Mas não. Introduzi vários títulos, correctamente grafados, obtendo como resposta: «Não foram encontrados resultados no Catálogo Byblos que obedeçam aos critérios de pesquisa indicados.» Optei pela pesquisa detalhada, introduzindo o ISBN de livros que tenho à mão, tendo escolhido dez publicados este ano, entre Abril e Novembro, e outros dez publicados em 2006. Resultado: zero. Querem ser levados a sério? Também verifico que há um top de vendas. Tendo a livraria aberto hoje, é o chamado top em tempo real... Portanto, desejo boa sorte aos passeantes.E não fui só eu.


José Mário Silva teve idêntica dificuldade.